Saúde gastroinstestinal na fibromialgia

• Microbiota

O trato gastrointestinal na fibromialgia

Escrito por: Fernanda Ortiz

Caracterizada por dor muscular generalizada, a fibromialgia é uma condição reumatológica crônica, não articular e não inflamatória. Os sintomas incluem sensibilidade muscular, rigidez motora, fadiga e transtorno do sono, entre outros que comprometem a qualidade de vida. Sem cura e com causas pouco esclarecidas, uma das possibilidades é que uma alteração neurológica aumente a percepção e sensação de dor pelo corpo. Recentemente, o estudo de revisão ‘Características da relação entre fibromialgia e saúde do trato gastrointestinal’ apontou a relação do trato gastrointestinal com a fibromialgia e as possíveis comorbidades associadas. O artigo foi publicado na Revista Eletrônica Acervo Saúde (ISSN 2178-2091), 23(7), e13277 – doi.org/10.25248/reas.e13277.2023.

Segundo os pesquisadores da Universidade Patos de Minas (Unipam), Faculdade de Minas (Faminas) e Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora (FCMJF), a fibromialgia faz parte de um grupo de doenças classificadas como distúrbios de sensibilidade central – ou síndromes somáticas funcionais. Assim como ocorre na síndrome do intestino irritável (SII). “Por ser comum a sobreposição de dois ou mais quadros funcionais, observamos que cerca de 70% dos pacientes com fibromialgia manifestam sintomas gastrointestinais. Entre os sintomas, estavam dor e/ou distensão abdominal, alteração no trânsito intestinal, constipação e diarreia, ou seja, semelhantes à da SII”, citam os autores.

A associação entre as duas doenças é positiva e bidirecional. Entretanto, a prevalência desses quadros tem uma variabilidade significativa a depender do desenho do estudo, da amostra populacional, dos critérios diagnósticos e das questões socioeconômicas e culturais. “Diversos relatos apontam que a SII é de 1,5 a 3 vezes mais comum em pessoas com fibromialgia (especialmente mulheres), quando comparados à população geral. Também são mais prevalentes nos tipos constipante e misto”, sinalizam. Além disso, alguns achados na literatura avaliaram que a doença de Crohn também pode configurar fator de risco para o desenvolvimento da enfermidade. Outra hipótese está relacionada à hipersensibilidade ao glúten ou à lactose, mesmo que não haja a propriedade autoimune e estrutural da doença de Crohn ou a intolerância à lactose como diagnóstico.

Microbiota

Uma outra frente de estudos demonstra que há uma alteração tanto na quantidade quanto na variedade da microbiota em pessoas com essa condição reumatológica. Essa disbiose pode ocorrer por diversos fatores que incluem obesidade, síndrome metabólica, uso de medicações, ambiente, estilo de vida e tabagismo. Os pesquisadores afirmam que os estudos que avaliam a microbiota e seus metabólitos na fibromialgia ainda são iniciais. Dessa forma, os resultados devem ser interpretados com cautela, uma vez que a maioria dos trabalhos tem uma amostra populacional pequena. O aprofundamento das pesquisas poderá oferecer vantagens que facilitem o diagnóstico e esclareçam os mecanismos envolvidos na doença. Assim, poderão ajudar a propor terapêuticas mais eficientes. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), a fibromialgia afeta cerca de 2,5% da população mundial. A maior incidência é em mulheres de 30 a 50 anos de idade.

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