Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz do Mato Grosso do Sul (Fiocruz-MS) e do Grupo de Estudos em Doença de Chagas (GEDoCh) da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp) estão iniciando um estudo para avaliar o microbioma intestinal de pacientes com megacólon chagásico. Além disso, o grupo vai analisar, pelo sequenciamento, o perfil genético do Trypanosoma cruzi. O objetivo dos pesquisadores é confirmar alguns achados de artigos científicos que relacionam o microbioma intestinal com as formas clínicas da doença de Chagas – a maioria ainda com modelos experimentais. Alguns desses estudos mostram que o tratamento com alguns compostos poderia melhorar a sobrevida desses pacientes.
O projeto parte de algumas evidências já publicadas. Uma delas inclui estudos do material genético obtido das fezes de pacientes que mostram uma disbiose intestinal que poderia influenciar na patogênese da doença. Outra hipótese relacionada à patogênese da doença de Chagas é sobre a diferença e a qualidade do microbioma encontrado em pacientes portadores de megacólon chagásico e não chagásico, determinando o impacto na progressão da doença. “Além do estudo do perfil genético do parasito, que provavelmente está relacionado com a forma clínica digestiva, queremos entender o que mais pode afetar esse agravamento da doença. Será que é apenas a genética do parasito, será que é o microbioma do hospedeiro ou seriam ambos?”, questiona a pesquisadora da Fiocruz-MS e colaboradora da FCM-Unicamp, Gláucia Elisete Barbosa Marcon.
O grupo também quer investigar se, nos pacientes com megacólon, o sequenciamento do DNA do tecido intestinal mostrará perfis genéticos semelhantes diretamente associados à forma digestiva. Os pesquisadores também pretendem identificar quais microrganismos estão presentes na microbiota dos pacientes e qual é a relação com a gravidade da forma clínica digestiva da doença de Chagas. “A partir disso surgem outras ideias, como mudança de dieta, identificação de mediadores inflamatórios e suplementos alimentares que possam melhorar a patogênese da doença”, acrescenta a pesquisadora Gláucia Elisete Barbosa Marcon. O estudo vai envolver 50 pacientes com megacólon chagásico e não chagásico, com doença de Chagas sem forma clínica e controles saudáveis. Esses pacientes são atendidos no Hospital de Clínicas da FCM-Unicamp, mas, se necessário, poderão ser recrutados de outros centros localizados em Ribeirão Preto, Goiás e Bahia. O estudo deve estar finalizado em 2025. •