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Psicoterapia foca na mente e no comportamento

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Psicoterapia auxilia as crianças

Escrito por: Elessandra Asevedo

O psicólogo Jean Piaget, um dos mais influentes do século 20, sugeria que as crianças não são simplesmente versões menos desenvolvidas de adultos, mas seres que pensam e percebem o mundo de maneira qualitativamente diferente. Da mesma forma, a psicoterapia infantil não é a mesma aplicada para os adultos, pois foca na mente e no comportamento das crianças desde o nascimento até a adolescência. Além disso, utiliza técnicas diferenciadas para entender melhor o desenvolvimento mental, emocional e social das crianças, que ainda não se expressam verbalmente de forma tão clara. O foco do atendimento, que deve ser realizado por psicólogos ou psiquiatras especializados, é ajudar a criança e o adolescente a superar dificuldades emocionais que se contrapõem ao seu desenvolvimento natural.

Embora não exista uma regra de idade mínima para a psicoterapia, a criança a partir dos 2 anos já tem condições de se beneficiar. O protocolo de atendimento começa com uma anamnese feita na entrevista com os pais ou responsáveis com objetivo de detalhar a história de vida da família. Além disso, é importante apurar se houve planejamento da gestação, como foi o surgimento do filho no contexto familiar, as reações do pai, da mãe e da família ao saber da novidade, os impactos que a criança trouxe para aquela família e a reação que provocou nos irmãos. Depois desse ­detalhamento parte-se para o relacionamento que a criança tem com a família e a escola, para explorar desde quando está havendo alguma alteração de comportamento. “A partir daí, o profissional informa se é o momento de começar a intervenção com a psicoterapia ou se é necessário ter um tempo maior de observação”, ensina a psicóloga Cassandra Pereira França, professora titular do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Na maioria das vezes, a procura por um psicoterapeuta parte dos pais ou responsáveis. Em geral, isso ocorre quando a criança ou o adolescente apresentam dificuldades que não conseguem mais contornar sem ajuda profissional, tanto em casa quanto na escola. Professores também devem observar o relacionamento com os colegas e atitudes incomuns, como falta de adaptação, estigmatização dos amigos e isolamento social. Em casos menos comuns, o pediatra faz o enca­minhamento após os pais se queixarem de alteração no desenvolvimento. Para a psicóloga Cassandra Pereira França, é um privilégio fazer psicoterapia quando criança, ainda mais levando em consideração que a primeira infância é cheia de desafios à compreensão do mundo, fazendo com que as crianças pensem demais e tenham questões metafísicas muito profundas – como ‘de onde viemos’,  ‘para onde vamos’ e ‘porque os homens matam’.  “Esses são questionamentos que trazem muita angústia. No entanto , por meio da assistência terapêutica é possível ajudar a criança a elaborar os fatos que observa na vida, o que vai trazer um grande alívio ao psiquismo e ajudar no processo educacional”, assegura.

Como a criança não tem discerni­men­to para expressar o que sente, os profissionais utilizam recursos lúdicos para observar o comportamento e trabalhar dificuldades mais evidentes. As sessões envolvem jogos, brinquedos, desenhos, livros, filmes, lápis de cor e outros materiais que possibilitam variadas criações. De acordo com a psicóloga Taís Chiodelli, pesquisadora na área de Psicologia do Desenvolvimento e professora assistente do Departamento de Psicologia da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), esses recursos têm o objetivo de tornar a terapia prazerosa e criar vínculo com a criança. As ferramentas também permitem ao profissional avaliar e observar o pensamento e as dificuldades do paciente, além de controlar questões do ambiente. Essas estratégias são usadas para que o profissional possa encontrar respostas por meio do lúdico, para observar ou intervir. “Por exemplo, com uma criança pouco tolerante à frustração ao perder, trabalhamos com brincadeiras de competição para ensiná-la a lidar com essas situações, ou com jogos colaborativos para que entenda sobre a importância de construir com os pares”, pontua.

Habilidades

A psicoterapia demanda habilidades específicas, pois é preciso conhecer o universo infantil, saber falar sobre personagens, filmes e jogos com os quais estão acostumadas, assim como estar aberto para aprender sobre os assuntos que permeiam o dia a dia infantil. Caso o psicólogo identifique a necessidade, os pais ou responsáveis também poderão ser encaminhados para um trabalho de orientação ou análise.  “As crianças têm uma habilidade enorme e afinidade com a análise e a psicoterapia, e conseguem expressar emoções e ­pensamentos com facilidade”, ressalta a psicóloga Cassandra Pereira França.

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