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Preocupação com a saúde mental

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Saúde mental como foco

Escrito por: Elessandra Asevedo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, em 2022, sua maior revisão mundial sobre saúde mental desde a virada do século 20. O trabalho mostrou que, em 2019, quase 1 bilhão de pessoas – incluindo 14% dos adolescentes do mundo – viviam com um transtorno mental. Diante desses dados, a preocupação com a saúde mental na infância e adolescência vem aumentando. Para a psicóloga Deborah Patah Roz, diretora do Serviço de Psicologia do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICr-HC-FMUSP), atualmente os pais mostram-se titubeantes diante do exercício responsável de educar os filhos, impor limites e ser claros com a linguagem sobre o que a criança pode fazer ou não. Junto com a indecisão, os filhos se deparam com pais sem muito tempo e disponibilidade, terceirizando um papel que faziam regularmente no passado.

“Muita criança que é apenas agitada e não tem um contorno externo para se organizar internamente está tendo diagnóstico de transtornos de forma exagerada, por exemplo, o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Dessa forma, acabam sendo medicadas e camuflando o verdadeiro problema”, alerta. No entanto, o psicólogo tem instrumentos para fazer uma leitura da dinâmica familiar e do contexto no qual se formou o sintoma de agitação, intervindo por meio da psicoterapia com a criança, desenvolvendo um trabalho com os pais e, quando necessário, com a escola. A psicóloga Taís Chiodelli acrescenta que os pais vivem ‘bombardeados’ com muita informação e têm dificuldade de selecionar o que fazer. Por esse motivo, muitas vezes chegam no consultório com uma hipótese diagnóstica que nem sempre faz sentido. Portanto, é fundamental entender a família, os valores, o contexto e o repertório dessa criança ou adolescente.

De acordo com a psicóloga Taís Chiodelli, a saúde mental de crianças e adolescentes, atualmente, também tem relação com as redes sociais e o uso excessivo de telas. Assim, o estímulo que recebem no dia a dia afeta a maneira de se estruturarem psiquicamente, impedindo que se relacionem socialmente com outras pessoas. Por causa disso, acabam ficando solitários, totalmente influenciáveis, criando vícios em jogos e, muitas vezes, se tornando mais violentos. “Como resultado do uso excessivo de telas podemos ter crianças com dificuldades de socialização, de empatia com o outro, que não sabem esperar e negociar e, ainda, com problemas em lidar com a frustração”, alerta.

A pandemia da Covid-19 também mudou significativamente a saúde mental de crianças e adolescentes, forçando-os a períodos prolongados de isolamento social e longe da escola por muito tempo. O estudoExamining changes in parent-reported child and adolescent mental health throughout the UK’s first Covid-19 national lockdown’, desenvolvido no Reino Unido, analisou as consequências psicológicas do isolamento para crianças e adolescentes entre 4 e 16 anos. Além disso, os pesquisadores avaliaram como os fatores de risco associados e como as trajetórias podem variar para crianças e adolescentes em diferentes circunstâncias.

O resultado mostrou que os níveis gerais de hiperatividade e os problemas de conduta aumentaram ao longo do tempo, enquanto os sintomas emocionais permaneceram relativamente estáveis. Embora as trajetórias de saúde mental variem, aqueles que apresentaram sintomas elevados tinham pai ou responsável com níveis mais altos de sofrimento psicológico, eram portadores de necessidades educacionais especiais e distúrbios do neurodesenvolvimento. O estudo foi publicado em 2021 no Journal of Child Psychology and Psychiatry. •

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