A colonização transitória após a ingestão permite, ainda, que a BAL module beneficamente o microbioma intestinal, levando a uma melhor proteção contra patógenos, imunomodulação aprimorada, manutenção da homeostase intestinal e reforço da integridade da barreira intestinal. Essas bactérias também podem ajudar a reduzir a inflamação no intestino, o que pode ser benéfico para condições como a síndrome do intestino irritável (SII). “No geral, a BAL pode conferir uma variedade de outros efeitos positivos que justificam uma investigação mais aprofundada, dadas suas implicações potenciais para a saúde geral e a prevenção de doenças”, sinaliza o professor Wilhelm Holzapfel. Ao interagir com a microbiota residente, as bactérias do ácido lático também podem apoiar a produção de metabólitos bioativos, incluindo ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), exopolissacarídeos, vitaminas e proteínas antimicrobianas como as bacteriocinas. O professor lembra que os ácidos graxos de cadeia curta – incluindo acetato, propionato e butirato – e suas proporções refletem para um microbioma intestinal equilibrado.
Produzidos quando as bactérias intestinais fermentam as fibras alimentares, esses AGCC fornecem energia às células do cólon, apoiam a saúde intestinal, regulam as respostas imunológicas e ajudam a reduzir a inflamação. O butirato, em paralelo, fortalece a barreira intestinal impedindo que bactérias e toxinas nocivas sejam translocadas para a corrente sanguínea. “Um nível saudável de AGCC promove o crescimento de bactérias benéficas, aumentando a diversidade e a estabilidade do microbioma. Por outro lado, uma diminuição nas bactérias produtoras de AGCC como Faecalibacterium, Roseburia e Blautia spp. está ligada ao aumento de patógenos oportunistas”, ensina. Esse desequilíbrio está associado a vários problemas de saúde, incluindo diarreia, síndrome do intestino irritável, doenças relacionadas ao sistema imunológico (como doença inflamatória intestinal e artrite reumatoide), condições do sistema nervoso central (como Alzheimer) e distúrbios metabólicos (como obesidade e diabetes tipo 2). O professor Wilhelm Holzapfel acentua que, de maneira geral, manter um suprimento adequado de ácidos graxos de cadeia curta é vital para a saúde intestinal e o equilíbrio do microbioma.