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Novos tipos de probióticos

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O caminho das investigações sobre a microbiota

Escrito por: Adenilde Bringel

Na perspectiva do diretor científico da Yakult Europa, Bruno Pot, a investigação sobre os organismos probióticos tradicionais no continente diminuiu gradualmente ao longo da última década –  talvez também devido às dificuldades em valorizá-los em termos de alegações de saúde. Em contraste, tem havido um aumento muito acentuado na pesquisa sobre a importância da microbiota, especialmente a microbiota intestinal. “Existem grandes consórcios como o projeto Flemish Gut, o projeto French Gut e o estudo Lifelines Cohort, para citar apenas alguns, que estão estudando em larga escala a microbiota de pessoas saudáveis e doentes (ou em risco), com o objetivo de encontrar diferenças sistemáticas que possam ajudar a entender melhor a importância de nossos microrganismos na causa de doenças ou no apoio à saúde”, acrescenta. Como consequência desta investigação, novos tipos de probióticos – Next Generation Probiotics – estão sendo estudados extensivamente quanto à sua segurança e ­funcionalidade. Entre os exemplos estão ­Akkermansia ­muciniphila, Faecalibacterium ­prausnitzii e Chistensenella minuta.

Assim, é de se esperar que esses microrganismos possam estar no mercado nos próximos anos, embora provavelmente como um produto médico e não como um alimento – uma vez que a maioria foi descoberta em relação a doenças. Para o diretor, o bom dessa pesquisa sobre microbiota é que, além do conhecimento gerado, as tecnologias e os bancos de dados desenvolvidos, assim como a padronização aprimorada, também ajudarão a entender ainda melhor os probióticos tradicionais, como os lactobacilos e as bifidobactérias. “Isso pode até levar a aplicações completamente novas para essas bactérias e, muito provavelmente, também a dossiês de alegações de saúde mais completos e aceitáveis”, acredita. 

Desafios

Apesar de todos os avanços, a pesquisa de probióticos ainda tem muitos desafios. Um deles é mostrar benefícios para a saúde em uma população já saudável. Além disso, cada indivíduo tem uma composição de microbiota diferente, tornando difícil prever o possível impacto de uma intervenção probiótica. “Por exemplo, uma pessoa com níveis já altos de bifidobactérias em seu intestino grosso pode ser menos afetada por um produto alimentício com bifidobactérias do que uma pessoa com níveis reduzidos ou baixos de bifidobactérias. Além disso, a microbiota também é muito propensa a muitos fatores de confusão como dieta, estresse, sono, viagens, idade, tabagismo, exercícios, sobrepeso ou diabetes, entre outros”, acentua o doutor Bruno Pot.

Por causa disso, o impacto de uma mudança completa de dieta pode ser mais drástico na microbiota do que a ingestão de uma linhagem probiótica, dificultando o estudo do impacto da cepa isoladamente. Além disso, as estações do ano podem interferir, pois o sistema imunológico será diferente no inverno e no verão, devido a mais desafios no inverno. Outra questão é a ingestão de medicamentos, especialmente antibióticos e inibidores da bomba de prótons (IBP), que são bem conhecidos por impactar diretamente a microbiota, influenciando também os resultados da pesquisa com probióticos. Por fim, a ­pesquisa em probióticos também requer equipes multidisciplinares.

“Como a cepa probiótica chega a um ecossistema complexo como o intestino, com várias centenas de espécies e 35 trilhões de outras bactérias, o modo de ação geralmente está ligado a múltiplos efeitos”, informa. A cepa probiótica pode interagir com o sistema imunológico, com a barreira intestinal, ser metabolicamente ativa no ecossistema e, por exemplo, produzir ácidos graxos de cadeia curta ou interagir com o metabolismo dos ácidos biliares, com efeitos fisiológicos e hormonais (como na sensação de fome ou saciedade). Além disso, por meio de um fenômeno chamado alimentação cruzada, pode impactar o crescimento de muitos outros microrganismos no ecossistema levando a outros efeitos na saúde. O diretor afirma que o Yakult ­International Symposia destacará alguns desses efeitos e, assim, poderá ajudar a desenvolver a pesquisa para ser mais eficiente e apoiar a aplicação futura em nutrição saudável para a população em geral.

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