Algumas descobertas recentes mostram que o microbioma intestinal pode influenciar o humor e a saúde mental. O eixo intestino-cérebro – um sistema de comunicação bidirecional – sugere que as bactérias intestinais podem afetar os níveis de neurotransmissores, potencialmente impondo condições como ansiedade e depressão. A maioria das pessoas tem um conjunto de espécies microbianas comuns, muitas vezes chamadas de ‘microbioma central’. Este conceito destaca as espécies microbianas comuns na maioria dos indivíduos, apesar de que a variabilidade significativa nos microbiomas individuais ressalte a complexidade dos ecossistemas intestinais. Embora os humanos sejam quase 99,9% geneticamente semelhantes entre si, os microbiomas intestinais individuais podem variar amplamente nessa composição.
O pesquisador Wilhelm Holzapfel, professor catedrático do Department of Advanced Convergence da Handong Global University, na Koreia do Sul, afirma que fatores como dieta, estilo de vida, genes e exposição ambiental desempenham papéis cruciais na formação dessas comunidades. E essa variabilidade é a razão pela qual as abordagens personalizadas para a saúde, incluindo recomendações dietéticas e uso de probióticos, estão ganhando mais atenção. Portanto, compreender o microbioma de um indivíduo pode fornecer informações sobre sua saúde e ajudar a otimizar as intervenções. “É fascinante o quanto a saúde intestinal pode influenciar o bemestar geral. Por seu papel fundamental na energia do hospedeiro, o microbioma intestinal afeta significativamente o metabolismo, a regulação do peso corporal e a obesidade. Populações microbianas específicas estão ligadas à obesidade e as estruturas dessas comunidades podem oferecer novos caminhos para o controle de peso”, destaca.
Além disso, estudos recentes sugerem a influência do microbioma intestinal em doenças autoimunes e alergias, indicando que manter um microbioma saudável pode reforçar a função imunológica. Entretanto, a mudança na composição do microbioma intestinal com a idade pode influenciar a saúde geral e a longevidade. Por isso, manter um microbioma diversificado pode ser a chave para o envelhecimento saudável. O microbioma intestinal também tem sido implicado em várias doenças, incluindo diabetes, doenças cardiovasculares e até certos tipos de câncer. Portanto, compreender esses vínculos abre espaço para novas estratégias terapêuticas. “O microbioma intestinal pode influenciar, ainda, a forma como cada indivíduo metaboliza os medicamentos. Essa descoberta está abrindo caminho para a medicina personalizada, na qual os tratamentos podem ser adaptados com base na composição do microbioma de uma pessoa”, acentua.
Biomarcadores
A compreensão das vias metabólicas ligadas a microrganismos específicos tende a levar a novos biomarcadores para detecção precoce de doenças e avaliação de risco. O pesquisador acredita que este campo emergente de metabolômica e microbiômica é promissor, tanto para doenças crônicas combinadas como para melhorar a saúde e o bem-estar geral. “Uma variedade de bactérias do ácido lático (BAL) pode impactar positivamente a saúde intestinal. Numerosas cepas mostram um comportamento probiótico, ajudando a manter ou restaurar um equilíbrio saudável no microbioma intestinal. Além disso, essas bactérias desempenham um papel crucial na estabilização da microbiota e promovem a normalização das interações do microbioma”, acrescenta.