A síndrome do intestino irritável (SII) é o distúrbio gastrointestinal mais comum no mundo, afetando aproximadamente 15% da população. Já está demonstrado cientificamente que as diferenças na microbiota intestinal são evidentes entre pacientes com SII e controles. Em resumo, pacientes demonstram concentrações significativamente mais baixas de bifidobactérias e lactobacilos, além de concentrações mais altas de Streptococcus, E. coli e Clostridia (gênero pertencente ao filo Firmicutes). A literatura mostra, ainda, que o supercrescimento bacteriano do intestino delgado (SIBO) ocorre em até 78% dos pacientes com SII e pode estar diretamente relacionado à gênese dos sintomas. Assim, pesquisadores australianos desenvolveram um estudo clínico para determinar a ação do Lactobacillus casei Shirota (LcS) na síndrome do intestino irritável.
Os cientistas investigaram se o LcS poderia alterar o supercrescimento bacteriano do intestino delgado e se isso está associado a alterações nos sintomas da SII. O estudo clínico ‘Probiotic effects on intestinal fermentation patterns in patients with irritable bowel syndrome’ envolveu 18 pacientes com SII. Os indivíduos que apresentaram aumento precoce do hidrogênio respiratório com lactulose (ERBHAL) consumiram 65ml de leite fermentado com LcS diariamente, durante seis semanas. O teste respiratório da lactulose foi repetido no final do período de tratamento e os sintomas foram registrados diariamente usando uma escala visual analógica.
Dos 14 pacientes que completaram o estudo, aqueles que começaram com sintomas pelo menos moderados e que não tinham mais ERBHAL no final do tratamento apresentaram melhora nos escores gerais dos sintomas. “Como resultado, concluímos que o Lactobacillus casei Shirota foi eficaz na alteração dos padrões de fermentação no intestino delgado, coerente com a redução da SII. Os sintomas abdominais gerais tenderam à melhora quando o ERBHAL foi corrigido”, concluíram os autores.
Além disso, os cientistas acentuam que os sintomas do SIBO provavelmente sejam gerados através da fermentação. O mecanismo incluiria rápida produção de hidrogênio, metano e dióxido de carbono, resultando na distensão do intestino delgado. Assim, essa distensão causaria desconforto, sensação de inchaço e distúrbios secundários na motilidade. Dessa forma, o estudo mostrou que pode haver uma ação eficaz do Lcs na síndrome do intestino irritável. O estudo foi publicado em 2008 no World Journal of Gastroenterology.
Comum no mundo
Caracterizada por desconforto ou dor abdominal recorrente, além de outros sintomas associados, a causa da síndrome do intestino irritável ainda é desconhecida. Portanto, o diagnóstico é basicamente clínico. Em geral, o tratamento é dietético e farmacológico, incluindo anticolinérgicos e agentes que atuam nos receptores de serotonina.