A criatividade é uma capacidade essencial para resolver desafios pessoais, acadêmicos e profissionais. Embora muitos acreditem que seja um talento para poucos, essa habilidade adquirida é uma função psicológica humana, como a imaginação, o pensamento e a atenção. A criatividade pode ser caracterizada pela busca de informações e a sensibilidade de percebê-las de forma individual. Portanto, quando for estimulada, essa habilidade pode ser desenvolvida em qualquer fase da vida.
Por ser uma habilidade adquirida, a ausência de incentivo e de curiosidade impossibilita o indivíduo de desenvolver e conceber novas ideias. De acordo com o psicólogo Emerson Marques, do Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” (CEJAM), em São Paulo, diversos fatores prejudicam a capacidade criativa. “Os mais recorrentes são aqueles relacionados ao estilo de vida. Entre eles estão estresse, ansiedade, excesso de atividades, procrastinação, falta de tempo e de estímulos adequados”, menciona.
Entretanto, o medo de falhar e o perfeccionismo são os que mais influenciam negativamente no processo de criação. Segundo o psicólogo, para enfrentar esses bloqueios é essencial adotar uma postura curiosa e flexível. “Quando reconhecemos que os erros fazem parte do processo, a criatividade flui naturalmente. Isso ocorre quando nos permitimos arriscar, apresentando novas ideias sem medo de julgamentos”, avalia.
Bem-estar e experiências
Apesar de ser associada frequentemente a campos artísticos, a criatividade desempenha um papel importante para o bem-estar psicológico e a resolução de problemas em diversas áreas da vida, inclusive no âmbito profissional. “Na perspectiva da Psicologia, ser criativo é mais do que promover inovação. Assim, envolve flexibilidade cognitiva e emocional, a capacidade de conectar ideias, adaptar-se a novas situações e encontrar soluções originais para quaisquer desafios”, avalia o psicólogo.
Além disso, a criatividade é uma capacidade que contribui para o desenvolvimento de habilidades essenciais. Entre os exemplos estão paciência e confiança, virtudes fundamentais para lidar com as adversidades. Certamente, a expressão criativa é individual e subjetiva, sendo influenciada por experiências, espaços, relações e a própria personalidade.
“Alguns manifestam essa habilidade nas artes, outros na ciência, nas tecnologias, na criação de projetos, na resolução de problemas, na organização de espaços e em tantas outras áreas”, cita o especialista. Portanto, é preciso reconhecer e valorizar que existem diferentes campos e formas de expressão para desenvolver essa habilidade.
Qualquer fase da vida
De acordo com o psicólogo, para explorar o potencial criativo é essencial abrir-se a novas experiências e sair da zona de conforto. “Quando a criatividade está bloqueada podem surgir sentimentos de frustração e desânimo. Por causa disso, o indivíduo evita novas investidas e se conforma com rotinas monótonas”, observa. Porém, é preciso insistir e ter força de vontade e determinação, pois a criatividade pode ser desenvolvida e praticada em qualquer fase da vida.
Na infância, essa habilidade pode ser adquirida por meio de brincadeiras e jogos que incentivem a invenção, direcionados pelos pais ou educadores. Na adolescência, projetos criativos podem ajudar os jovens a desenvolverem capacidades e expressar ideias – como a produção de conteúdos em vídeo ou fotografia. Na vida adulta, momentos de escrita livre, culinária experimental, cursos por hobby ou atividades prazerosas podem ser ótimos escapes criativos.
Na terceira idade, atividades como pintura, jardinagem, organização de álbuns de fotos, cursos de dança e interações sociais são formas de estimular a mente, promovendo bem-estar emocional e psicológico. “Incorporar atividades criativas na rotina ajuda a aliviar o estresse e fortalecer a autoestima”, garante o especialista. Acima de tudo, a criatividade pode ser terapêutica, criando um espaço de autoexpressão que é benéfico em todas as etapas da vida.
