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Transtorno dismórfico corporal

• Vida Saudável

Distorção da autoimagem corporal

Escrito por: Fernanda Ortiz

O transtorno dismórfico corporal, ou dismorfofobia é um distúrbio psiquiátrico que causa sofrimento emocional e preocupação excessiva com um ou mais defeitos corporais hipotéticos. Ao travar uma batalha interna com a própria autoimagem, o indivíduo adota comportamentos extremos, seja para evitar a exposição ou para modificar as áreas corporais desconfortáveis.

De acordo com o cirurgião plástico Alexandre Kataoka, diretor adjunto do Departamento de Defesa Profissional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e coordenador do Departamento de Comunicação do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), a autoimagem corporal é uma percepção cognitiva, consciente ou inconsciente que a pessoa tem do seu corpo. Essa distorção é construída ao longo do desenvolvimento, por meio das suas relações sociais e seus sentimentos. “Essa relação influenciada por fatores individuais e ambientais pode ser positiva, negativa ou a combinação de ambos”, descreve.

Estar satisfeito com a imagem corporal é um reflexo importante de autoestima. Entretanto, quando essa percepção se torna negativa, o indivíduo passa a ter uma visão irrealista do próprio corpo. Dessa forma, entra em uma busca incansável por uma ‘perfeição’, o que causa angústia e sofrimento. “Apesar de ter uma interação complexa de fatores genéticos, ambientais e psicológicos, muitas vezes esse comportamento é impulsionado pelos modelos ditados em redes sociais”, observa o especialista. Nesse processo, a pessoa começa a buscar defeitos onde não existem ou se incomodar demais com características até então despercebidas. 

De acordo com estimativas da literatura científica, aproximadamente 1,5% da população mundial pode ter transtorno dismórfico corporal. A maior incidência é entre as mulheres, e os sintomas podem surgir de maneira gradativa ou súbita, variar de intensidade e persistir caso não recebam tratamento adequado. “Além da visão distorcida da autoimagem, o transtorno dismórfico corporal costuma estar associado a questões comportamentais negativas”, cita. Essa condição pode levar ao isolamento, ao desenvolvimento de distúrbios alimentares – a exemplo de anorexia e bulimia – e a sintomas de depressão e ansiedade.

Acompanhamento psicológico é essencial

O transtorno dismórfico corporal pode permanecer sem diagnóstico por anos. Isso ocorre tanto devido ao constrangimento de revelar seus sintomas quanto pelo fato de o indivíduo não identificar que algo está errado na sua relação com a própria imagem. O médico lembra que pessoas com transtorno dismórfico corporal buscam tratamentos dermatológicos e cirurgias estéticas com frequência, muitas vezes para procedimentos desnecessários. “Isso acontece, pois, geralmente, seguem insatisfeitos com os resultados de intervenções anteriores”, avalia. Portanto, o profissional de saúde estética precisa estar atento a esse tipo de comportamento. Assim, ao identificar o transtorno, deve-se orientar o paciente a buscar um acompanhamento psicológico especializado.

“A adesão ao tratamento pode ser difícil, pois os pacientes nem sempre aceitam o diagnóstico”, destaca o médico. Inclusive, não é incomum que sejam levados ao consultório por amigos ou familiares e que justifiquem a busca por mudanças apenas como um traço de vaidade. Entretanto, por se tratar de uma condição que leva a prejuízos emocionais relevantes, é preciso reforçar a importância do cuidado especializado. O tratamento consiste em psicoterapia e, em alguns casos, na prescrição de medicamentos – quando identificados sintomas associados de depressão ou ansiedade.

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