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Avaliação de focos epileptogênicos

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Medicina nuclear como auxílio na epilepsia

Escrito por: Elessandra Asevedo

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que cerca de 50 milhões de pessoas no mundo possuem epilepsia. Já no Brasil, estima-se que a proporção seja de 2% da população. A Secretaria de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, por sua vez, alerta que pelo menos 25% dos pacientes brasileiros diagnosticados com epilepsia apresentam estágio grave. A condição determina a necessidade do uso de medicamentos por toda a vida, uma vez que os episódios são frequentes e incontroláveis. Dentro deste contexto, a medicina nuclear pode ajudar por meio da avaliação de focos epileptogênicos.

A epilepsia pode ser definida como uma condição neurológica em que, durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais elétricos incorretos, causando crises que podem se manifestar em convulsões ou outros sintomas. Durante esses episódios há um agrupamento de células cerebrais que passam a se comportar de forma superestimulada, levando às manifestações da epilepsia. As consequências dessas crises podem ser neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais.

A medicina nuclear, por meio de estudos e exames durante as crises e em seus intervalos, visa garantir maior precisão e eficácia na localização do foco epileptogênico, ou seja, onde surge a alteração. De acordo com a médica nuclear Cristina Matushita, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), a avaliação de focos epileptogênicos é de grande valia, especialmente em casos complexos, de difícil manejo clínico e para os quais a opção de tratamento cirúrgico é indicada.

“As imagens permitem identificar, ou ao menos sugerir com grande acurácia, focos epileptogênicos para que o tratamento seja guiado de forma personalizada”, explica. Ainda segundo a especialista, a medicina nuclear não exerce papel direto no tratamento da epilepsia, mas se mostra uma ferramenta importante para o adequado planejamento terapêutico.

Exames

Os principais exames de medicina nuclear utilizados para a detecção desses pontos originários das crises incluem a cintilografia de perfusão cerebral, em estados interictal (entre as crises) e ictal (após as crises). Além disso, é usado o PET-CT neurológico, em estado interictal. Este último exame apresenta maior definição de imagem, o que permite melhores chances de identificação do foco epileptogênico.

A médica ressalta que, com o avanço da tecnologia, houve importante aumento na sensibilidade do método. “Os atuais exames permitem a obtenção de imagens metabólicas do cérebro, com muito boa definição anatômica e funcional”, explica.

Risco ou contraindicações

Pelo fato de a medicina nuclear realizar exames que utilizam radiação, ainda há certo receio por parte de algumas pessoas quanto ao risco ou contraindicações. “Muito se fala da exposição ao material radioativo. Entretanto, todo método diagnóstico preza pela segurança do paciente”, tranquiliza a médica. Assim, se há a necessidade de que o paciente se submeta a qualquer um destes exames que utilizam radiação ionizante, o médico nuclear (ou radiologista, em casos de tomografias) será responsável pela redução dos níveis de exposição de radiação. Ademais, será capaz de orientar os riscos e benefícios.

A medicina nuclear, de forma geral, não apresenta contraindicações absolutas. No entanto, a hipersensibilidade a algum fármaco utilizado pode ser um limitador, embora não haja registros de alergia significativa aos radiotraçadores. Outro limitador é quando o paciente não é capaz de ficar parado durante os exames – que demoram cerca de 20 a 30 minutos. O caso incluiu pacientes claustrofóbicos, que apresentem algum déficit neurológico ou crianças hiperativas.

Uma contraindicação relativa é a gestação ou suspeita de gravidez. Por utilizar material radioativo, a orientação é sempre evitar a exposição do feto. “Em certas situações em que haja maior benefício que o potencial risco associado à exposição do feto ao material radioativo, entretanto, a medicina nuclear pode ser empregada em mulheres gestantes”, finaliza.

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