Síndrome retroviral aguda

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Síndrome retroviral aguda é sinal de HIV

Escrito por: Elessandra Asevedo

A síndrome retroviral aguda é caracterizada pelos primeiros sinais e sintomas de infecção pelo HIV (sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana). Muitas vezes, se manifesta com sintomas inespecíficos como dor no corpo, febre, cansaço, desânimo, cefaleia, dor de garganta e aumento de linfonodos. Esses sinais, entretanto, podem ser facilmente confundidos com os de uma virose comum. Assim, é essencial a realização de exames específicos quando há exposição a riscos como sexo desprotegido ou compartilhamento de agulhas.

O médico patologista clínico Leonardo Vasconcellos, diretor de Ensino da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), esclarece que o HIV é transmitido pelo contato com secreções como sangue, secreção vaginal e sêmen. Além disso, a prática de sexo desprotegido com múltiplos parceiros aumenta significativamente o risco de contrair o vírus.

De acordo com o especialista, outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) merecem atenção. Entre os exemplos estão hepatites, sífilis, gonorreia e clamídia. “A escolha cuidadosa dos parceiros, o uso de preservativos e a realização de exames periódicos são medidas fundamentais para evitar a disseminação dessas e de outras infecções”, reforça.

Testagem

O período em que os testes podem detectar a presença do vírus é chamado de janela diagnóstica. Assim, após uma exposição de risco os resultados dos testes podem não ser imediatamente conclusivos, sendo necessário repetir os exames após a segunda ou terceira semana para maior precisão. “Esse intervalo varia com base na quantidade e patogenicidade do agente infeccioso adquirido e o grau de imunidade do paciente”, detalha o médico.

Na síndrome retroviral aguda do HIV, por exemplo, a carga viral vai aumentando após a infecção. Dessa forma, a maior probabilidade de o teste se tornar positivo é após a primeira ou segunda semana da exposição. Por outro lado, os testes de sorologia começam a positivar aproximadamente duas a três semanas após, quando o organismo do paciente inicia a produção de anticorpos contra o vírus.

De acordo com o médico, caso o teste laboratorial venha negativo e a suspeita clínica seja forte para qualquer doença, recomenda-se a repetição do teste após 21 a 30 dias. Esse comportamento é necessário para afastar os casos falso-negativos e aumentar a chance de ter um exame conclusivo. Se após esse novo período o teste vier negativo, é pouco provável que a pessoa tenha sido infectada.

“A conscientização, a prevenção e a testagem regular são essenciais para combater a propagação das ISTs”, reforça o médico. O conhecimento sobre o status de saúde individual permite, ainda, que as pessoas ajam de maneira responsável, contribuindo para a promoção da saúde pública.

Testes disponíveis

HIV – O diagnóstico pode ser feito por testes sorológicos e moleculares. Geralmente, utiliza-se um imunoensaio como triagem e, se positivo, faz-se o teste molecular para confirmação diagnóstica. Os testes rápidos também podem ser utilizados, principalmente como triagem.

Hepatite B – Existem diferentes testes para verificar a presença de antígenos e anticorpos relacionados à hepatite B. Os testes de antígenos incluem o HBsAg e o HBeAg, enquanto os de anticorpos são o Anti-HBc IgM, Anti-HBc IgG, Anti-HBe e Anti-HBs. A combinação desses testes pode confirmar ou descartar a infecção aguda e crônica, bem como infecção ou vacinação prévias. Em alguns casos, a carga viral pode ser útil para fornecer informações adicionais ao diagnóstico, mas não é estritamente necessária.

Hepatite C – O teste sorológico principal é o anti-HCV. Se o resultado for reativo indica que a pessoa teve ou está com a doença. Se o resultado for negativo significa que a pessoa não tem a infecção. No entanto, para um diagnóstico definitivo após um resultado reativo é essencial a realização da carga viral. Se a carga viral também for positiva, indica que a pessoa está atualmente infectada. A carga viral negativa sugere que a pessoa teve a infecção no passado, mas não está mais com o vírus no organismo.

Sífilis – O teste treponêmico identifica anticorpos contra a bactéria Treponema pallidum e pode ser feito por testes imunocromatográficos (testes rápidos) ou por testes automatizados laboratoriais. Se negativos, afastam a possibilidade da doença. Se positivos, a pessoa por estar infectada ou teve a infecção no passado. Já os testes não treponêmicos (VDLR) aparecem posteriormente e são úteis para avaliar, por exemplo, se a doença está ativa ou em processo de cura.

Gonorreia e clamídia – Atualmente, os diagnósticos de gonorreia e clamídia são realizados por meio de testes moleculares. Assim, técnicas de biologia molecular são utilizadas para identificar o material genético específico das bactérias responsáveis por essas infecções. Além disso, também é possível realizar cultura de secreções para diagnosticar essas infecções, mas esse método costuma levar mais tempo para fornecer resultados.

HPV – O diagnóstico é realizado por meio de testes moleculares que detectam o DNA do vírus em amostras biológicas, como material cérvico-vaginal ou raspados de verrugas. Esses testes podem ser conduzidos utilizando a técnica de captura híbrida ou de PCR – a última é considerada mais eficaz e permite detectar os diferentes subtipos virais. Além disso, o exame preventivo nas mulheres, conhecido como Papanicolau, assim como a colposcopia, podem revelar lesões sugestivas de infecção por HPV. Esses métodos são fundamentais para detecção precoce e monitoramento do vírus.

Tricomoníase – Causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, provoca vaginite e uretrite nas mulheres. Nos homens, a tricomoníase pode se manifestar como uretrite ou ser assintomática. O diagnóstico envolve a identificação do protozoário por meio de exame da amostra biológica colhida de corrimento ou secreção vaginal, uretral ou da urina (primeiro jato), sob observação no microscópio. Além disso, testes moleculares, como a técnica de PCR, também podem ser empregados para detecção precisa do Trichomonas vaginalis. Esses métodos são fundamentais para um diagnóstico eficaz e tratamento adequado da infecção.

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