Forma mais comum de demência

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Sinais de alerta para a doença de Alzheimer

Escrito por: Fernanda Ortiz

A doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa identificada por danos às células cerebrais. Forma mais comum de demência, a enfermidade pode ocorrer pela combinação de fatores genéticos, ambientais e estilo de vida. No Brasil, dados do Ministério da Saúde indicam que cerca de 1,2 milhão de pessoas vivem com alguma forma de demência e 100 mil novos casos são diagnosticados a cada ano. Em todo o mundo, a incidência chega a 50 milhões de pessoas, número que pode aumentar consideravelmente nos próximos anos em decorrência do envelhecimento populacional. O diagnóstico precoce, ainda nos estágios iniciais, é fundamental para frear a evolução da doença e possibilitar que os pacientes tenham qualidade de vida durante o tratamento.

Essa doença neurodegenerativa, progressiva e sem cura afeta majoritariamente indivíduos acima de 65 anos, impactando a memória, a linguagem e a percepção do mundo. As causas exatas da doença não são totalmente compreendidas, mas a idade é o principal fator de risco, já que o envelhecimento cerebral está relacionado à perda de algumas células nervosas”, aponta o neurologista Denis Bichuetti, do HCor, em São Paulo. Outras causas incluem histórico familiar, ambiente e estilo de vida, falta de socialização ou traumatismo craniano. O médico acrescenta que as doenças cardiovasculares também podem ser apontadas como fatores de risco, uma vez que os vasos que irrigam o coração também se conectam ao cérebro. 

Ao provocar alterações no comportamento, na personalidade e no humor, os sintomas começam a se manifestar de forma sutil. De acordo com o médico, o esquecimento de fatos recentes, a desorientação com tempo e locais, a dificuldade de encontrar palavras, se comunicar ou realizar atividades habituais, a perda de iniciativa e o ato de colocar coisas em locais errados podem ser sinais da doença. “É importante ressaltar que, com o passar dos anos, a nossa capacidade de atenção diminui. Então, uma dificuldade de memória percebida pela pessoa pode estar relacionada a inúmeros outros fatores. Na doença de Alzheimer é diferente, pois o indivíduo perde a capacidade de compreender a si mesmo”, reforça.

Diagnóstico precoce

O diagnóstico da doença é complexo e inclui entrevista clínica para histórico médico e familiar detalhado, exames físicos e de imagem (para identificar anormalidades no cérebro). Além disso, exames laboratoriais devem ser feitos para avaliar níveis de glicose, funcionamento dos rins e do fígado, assim como outros fatores que podem afetar a função cerebral. Neste processo, o envolvimento da família é essencial para reunir o maior volume de informações. “O diagnóstico precoce, ainda nos estágios iniciais, conscientiza sobre sinais de alerta, evita a rápida progressão da doença e ajuda o paciente a ter mais qualidade de vida”, descreve o neurologista.

Apesar dos avanços na medicina, o tratamento ainda é desafiador. “Apesar de existirem medicações que amenizam os sintomas e melhoram o desempenho cognitivo, atrasando um pouco a progressão da doença, não existe nenhum fármaco que interfira no processo biológico e promova reversibilidade da doença”, lamenta o médico. No entanto, existem estratégias que podem proporcionar um ambiente agradável para melhorar a qualidade de vida do paciente. Além de consultas regulares com o neurologista e suporte psicossocial, tanto para o paciente quanto para os cuidadores, é fundamental adotar um estilo de vida saudável com dieta balanceada, exercícios físicos regulares e atividades mentais desafiadoras que podem ajudar a atrasar a evolução da doença.

Ouça o Podcast do médico psiquiatra Lucas Mella, especialista em neuropsiquiatria geriátrica e diretor científico da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz) – São Paulo.

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