Com o objetivo de aumentar o bem-estar de pessoas idosas institucionalizadas, especialistas criaram uma Plataforma de Apoio à Depressão 60+. A ferramenta, que tem coordenação científica da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), possui questionários científicos e tem ajudado equipes multidisciplinares de Instituições de Longa Permanência para idosos (ILPIs) a identificar sinais de alerta que possam impactar a saúde mental. Através do rastreio da depressão em pessoas idosas, o sistema operacional visa monitorar e acompanhar os planos de cuidados personalizados. O projeto se estende a toda a equipe de saúde interdisciplinar, promovendo um ambiente de cuidado integrado e eficaz.
Ao empregar ferramentas científicas validadas e reconhecidas no Brasil e no cenário internacional, a plataforma oferece uma visão multidisciplinar da pessoa idosa. “Ao detectar rapidamente os primeiros sinais de fragilidade, a plataforma possibilita que os profissionais façam o rastreio da depressão e atuem para a recuperação de eventuais perdas de autonomia ou independência”, avalia a médica especializada em Psicogeriatria integrante do projeto Letícia Sumita, do Hospital Israelita Albert Einstein. O esforço permite estabelecer planos de cuidados personalizados que incluem o monitoramento à distância por equipe multidisciplinar do projeto, apoiando a equipe assistencial de cada instituição.
De acordo com a médica, o projeto é uma evolução na forma de abordar a saúde mental, especialmente de idosos moradores em ILPIs, pois reconhece que cada indivíduo tem as próprias histórias e necessidades. “A avaliação holística adotada é a chave para lidar com a depressão, comum nesta faixa etária, oferecendo uma solução além do convencional direcionada às necessidades individuais”, destaca. Além disso, trata-se de um refinamento no cuidado à pessoa idosa, em que a saúde mental é finalmente colocada no centro das atenções.
Com a plataforma, os responsáveis constataram que 67% dos idosos avaliados são classificados como frágeis e enfrentam um maior risco de eventos adversos de saúde como quedas, hospitalizações, incapacidades funcionais e óbito. “A presença simultânea de fragilidade e depressão pode potencializar esses riscos de forma sinérgica”, acentua a geriatra Isabella Mottim Berger, especialista em Psicogeriatria que integra o quadro clínico do projeto.
Desenvolvimento
O projeto Plataforma de Apoio à Depressão 60+ começou a ser desenvolvido em agosto de 2022, por uma equipe multidisciplinar composta por especialistas em Psicologia, Gerontologia, Educação Física, Fisioterapia, Farmácia, Fonoaudiologia, Psiquiatria e Geriatria. Os profissionais trabalharam na formulação de um protocolo em parceria com o Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e com o Núcleo de Geriatria e Gerontologia da UFMG. A plataforma foi implementada no primeiro semestre de 2023, em um piloto com 70 pessoas idosas moradoras na Casa Ondina Lobo – uma entidade sem fins lucrativos. Atualmente, está em uso e disponível gratuitamente para mais de 60 profissionais de saúde de 11 ILPIs localizadas na região metropolitana de São Paulo, beneficiando mais de 400 idosos.
Capacitação
Para ampliar o uso da plataforma, a Casa Ondina Lobo tem realizado cursos de capacitação gratuita a profissionais da saúde que trabalham nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e em ILPIs. O curso ‘Abordagem Multidisciplinar de Depressão em Idosos’ é mais uma etapa multiplicadora do projeto que, através de aulas online, aborda vários temas. Entre os exemplos estão epidemiologia e depressão em idosos, desafios e estratégias na identificação e diagnóstico, iniciação na abordagem farmacológica e ativação comportamental no manejo de sintomas depressivos. Mais informações pelo site www.ondinalobo.org.br/projeto-plataforma.