Queimaduras são consideradas feridas traumáticas causadas, na maioria das vezes, por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos na pele. De acordo com a intensidade, as queimaduras podem atingir as camadas mais profundas, como tecido celular subcutâneo, músculos, tendões e ossos. A oxigenoterapia hiperbárica é uma possibilidade de tratamento para auxiliar na assistência a indivíduos queimados.
Esse recurso, que auxilia para uma melhor cicatrização, consiste na respiração de oxigênio puro, em pressões maiores do que a pressão atmosférica ambiente no nível do mar. Para isso, os pacientes são colocados em uma câmara de paredes rígidas e resistentes à pressão, denominada câmara hiperbárica. Todos os pacientes com queimaduras agudas de 2º ou 3º grau podem ser beneficiados pelo tratamento.
O efeito primário da oxigenoterapia hiperbárica é o aumento da pressão parcial do oxigênio no sangue e da quantidade de oxigênio dissolvido no plasma. Esse grande aumento de oxigênio dissolvido no plasma permite que as funções de cicatrização e reparação do tecido sejam exercidas. Além disso, possibilita o combate de processos infecciosos e ajuda na adaptação e integração de enxertos na pele.
De acordo com o médico Raul Canal, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem), é preciso oferecer cada vez mais alternativas de tratamento às vítimas de queimadura, além de garantir que saibam quais são as possibilidades. “Milhares de pessoas são acometidas por situações desta natureza e muitas precisam de tratamentos rigorosos. A oxigenoterapia hiperbárica é um procedimento assegurado”, reforça.
O tratamento é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Desde 2011, foi incluído pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) no rol de procedimentos com cobertura obrigatória pelos planos de saúde.
Dados alarmantes
Dados da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) indicam que acidentes envolvendo queimados acometem 1 milhão de pessoas anualmente no mundo. No Brasil, são cerca de 150 mil internações por ano, e as crianças representam 30% desse número. As queimaduras são classificadas de acordo com a profundidade e o tamanho, sendo geralmente mensuradas pelo percentual da superfície corporal acometida.
Capacitação
Para os médicos interessados em aprofundar-se na técnica, a Faculdade de Medicina da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo oferece um curso de Pós-graduação na modalidade presencial. O curso tem como objetivo capacitar e aprimorar os médicos para orientar na segurança e organização de atividades em ambiente hiperbárico. A Anadem também oferece um curso de aperfeiçoamento de medicina hiperbárica. Assim, será possível ampliar a oxigenoterapia hiperbárica como possibilidade de tratamento a queimados.