A endometriose é silenciosa, dolorosa e pode causar sérias dificuldades na vida da mulher se não for diagnosticada e tratada corretamente. Embora os tratamentos com medicamentos hormonais e cirurgias possam proporcionar algum alívio, ainda há uma necessidade contínua de abordagens mais eficazes e menos invasivas. Nesta perspectiva, surgem pesquisas com alimentos que podem colaborar com o tratamento. Um exemplo é ômega 3. O ácido graxo se mostrou promissor em pesquisa científica desenvolvida com 1.199 mulheres com endometriose confirmada por laparoscopia.
Os resultados do estudo ‘A prospective study of dietary fat consumption and endometriosis risk’ mostraram que as mulheres que consumiram uma quantidade maior de alimentos ricos em ômega 3 apresentaram uma redução de 22% na probabilidade de desenvolver endometriose. O comportamento das participantes foi monitorado durante 12 anos. Presente em peixes oleosos e suplementos, o ômega 3 pode atuar de maneira positiva no controle de agentes pró-inflamatórios e anti-inflamatórios, sendo assim, considerado parte importante de uma dieta para diminuir os sintomas da endometriose.
Para o médico ginecologista Patrick Bellelis, colaborador do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), a pesquisa é promissora, mas ainda está em estágios iniciais. No entanto, as propriedades anti-inflamatórias deste ácido graxo que se mostrou promissor oferecem um potencial interessante para melhorar a qualidade de vida das mulheres que sofrem com essa condição.
“À medida que a busca por soluções mais eficazes para a endometriose continua, o ômega 3 emerge como um candidato promissor. Assim, fornece às mulheres afetadas por essa condição uma nova esperança para melhoria da qualidade de vida”, acentua o especialista. No entanto, ainda é necessária uma abordagem abrangente e personalizada. Dessa forma, consultar um médico especializado antes de iniciar qualquer suplementação ou mudança significativa na dieta é crucial para garantir a segurança e a eficácia do tratamento.
Incidência alta
A estimativa do Ministério da Saúde é de que 1 a cada 10 mulheres sofra com os sintomas da endometriose e desconheça a sua existência. Somente em 2021, mais de 26,4 mil atendimentos foram feitos no Sistema Único de Saúde (SUS), com oito mil internações registradas na rede pública.