De acordo com a 34ª edição da Pesquisa Anual do FGVcia sobre o Mercado Brasileiro de TI e Uso nas Empresas, há 1,2 smartphones por habitante no Brasil, totalizando 249 milhões de celulares inteligentes. Junto com a crescente onda desta tecnologia aumentam os casos de nomofobia, também chamada de no-mobile. Caracterizada pelo medo irracional de ficar sem celular e conhecida como síndrome da dependência digital, esta fobia tem crescido em todo o mundo diante de uma população hiperconectada.
O biomédico João Leonardo, coordenador dos cursos de Psicologia e Biomedicina da Faculdade Anhanguera, afirma que o avanço tecnológico é um dos fatores que contribuem para a dependência. Como a cada dia surgem aparelhos celulares com as mais altas tecnologias, o hábito de o indivíduo estar sempre perto de um celular para trabalho, estudos, entretenimento e compras só aumenta. “A todo tempo somos reforçados a manter esse comportamento e, quando percebemos que estamos distantes do aparelho, é como se deixássemos de viver ou de estar conectados com o mundo”, detalha.
A nomofobia faz referência às sensações observadas no modo off-line, ou seja, na desconexão ou no medo dessa falta de conexão. E, a partir disso, as pessoas passam a sentir ansiedade, desconforto, nervosismo, angústia e pânico, além de sintomas físicos como aperto no peito, taquicardia e suor frio. Embora seja um fenômeno complexo, nas quais as causas e efeitos ainda estão sendo estudados, os especialistas acreditam que uma combinação de fatores esteja relacionada à nomofobia, como baixa autoestima, níveis elevados de ansiedade e impulsividade.
Sinais de alerta
Alguns sinais da síndrome incluem a necessidade de ter um dispositivo sempre disponível para recarregar a bateria, o monitoramento constante do aparelho em busca de notificações e a dependência do celular mesmo em momentos inadequados, como perto da hora de dormir. “Também gera ansiedade, angústia e nervosismo quando o celular fica inutilizável por qualquer motivo ou quando o indivíduo fica desconectado ou com restrição das atividades virtuais”, exemplifica o professor.
O diagnóstico da nomofobia utiliza critérios do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) para fobias específicas. Além disso, alguns estudiosos defendem que o termo seja incluído no DSM-V como uma entidade diagnóstica que representa um vício tecnológico, devido à semelhança dos sintomas com a síndrome de dependência de substâncias.
Fique atento!
- Limite o uso do celular, especialmente antes de dormir e ao acordar, para garantir uma boa qualidade de sono;
- Evite o uso do celular durante as refeições, promovendo uma alimentação consciente;
- Desenvolva estratégias para restabelecer o contato com o mundo real, buscando interações interpessoais e limitando o uso de tecnologia nesses momentos;
- Quando necessário, procure ajuda especializada de psicólogos e psiquiatras.