Supervisionar o consumo dos jogos online

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Jogos online e a saúde dos adolescentes

Escrito por: Elessandra Asevedo

O universo gamer está cada vez mais presente na vida das pessoas, incluindo os adolescentes. No entanto, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), os pais e responsáveis precisam supervisionar o consumo dos jogos online e avaliar a maturidade dos filhos, para que seja extraído um potencial positivo desses jogos. O documento científico Adolescentes, Jogos Eletrônicos e Gaming Disorder, elaborado pela entidade, mostra que quando utilizados indiscriminadamente os jogos podem causar distúrbios do sono, inatividade física, transtornos de humor e até o Gaming Disorder, caracterizado como dependência de uso recorrente e persistente da internet para games.

Segundo o Departamento de Medicina do Adolescente da SBP, responsável pela publicação, é fundamental entender que os instrumentos tecnológicos são, em princípio, neutros. No entanto, adquirem significado positivo ou negativo conforme o uso. “Esse conceito alerta para que não se assuma uma postura maniqueísta, apresentando jogos eletrônicos, mídias sociais e outros dispositivos eletrônicos sempre como vilões”, relata o texto.

Os especialistas indicam que, acima de tudo, fortalecer as conexões familiares é o caminho para tornar os jogos mais seguros. Isso é importante porque os filhos, principalmente pré-adolescentes, muitas vezes não têm a capacidade de contextualizar o conteúdo de alguns jogos. Dessa forma, os adultos precisam ajudar estando presentes para explicar o que são situações e representações fictícias, em comparação com as expectativas sociais da vida real. Além disso, é preciso ressaltar sempre a importância do respeito aos valores éticos.

Efeitos benéficos

Diferentes pesquisas relacionam os jogos digitais com uma série de desfechos positivos. Entre os exemplos estão o estímulo ao desenvolvimento cognitivo e motor; aprimoramento de habilidades sociais, como trabalho em equipe, liderança, negociação, comunicação e autossuperação; além dos sentimentos de satisfação. De acordo com o documento, também não há evidências de que os games – quando utilizados de forma adequada – afetam negativamente a proximidade familiar e o engajamento escolar.

“Ao invés da passividade proposta pela tela que exibe um programa ou uma série, no jogo o indivíduo faz parte de uma experiência ativa, compartilhada, em que toma decisões o tempo todo e arca com as consequências delas”, destacam os pediatras. Os chamados exergames – junção dos conceitos de exercício físico e games – são um exemplo promissor para a promoção de comportamentos benéficos. Os games de dança, que já são altamente populares entre os jovens, têm potencial para aumentar a prática de atividade física em indivíduos previamente sedentários.

Perigos

Entre as repercussões negativas, a mais recorrente é a diminuição da quantidade e da qualidade do sono em função do uso dos jogos durante a noite. “Jogar nesse horário está relacionado a uma diminuição do sono total e a alterações arquitetônicas no sono. Essa privação do sono, por sua vez, acarreta uma infinidade de outros efeitos indesejáveis à saúde, entre eles diminuição do desempenho acadêmico, irritabilidade, transtornos de humor e inatividade física”, pontua a publicação.

Outra questão central tem sido o estímulo dos jogos ao comportamento agressivo. Segundo a SBP, as evidências são suficientes para sugerir que, ao reproduzir vídeos violentos, os jogos podem contribuir para atitudes mais agressivas. No entanto, atribuir violência a videogames violentos não é um desfecho fechado em si e desvia a atenção de outros fatores enraizados na sociedade e que contribuem para a violência.

Gaming Disorder

O documento científico da SBP traz, ainda, um alerta a respeito da dependência em jogos eletrônicos. O problema é caracterizado quando há, obrigatoriamente, a existência de três fatores centrais, por pelo menos 12 meses, em um padrão persistente ou recorrente. Portanto, são eles perda de controle sobre a frequência, intensidade e duração do jogo, aumento de prioridade do jogo e dar continuidade ou aumentar as horas jogando, mesmo quando tem consequências negativas. Neste caso, é indicado procurar um pediatra.

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