Estudos científicos têm relatado os probióticos podem ter um impacto positivo no controle metabólico de pacientes com diabetes tipo 2. Para confirmar esses achados, cientistas do Institute for Translational Medicine, Medical School, University of Pécs, na Hungria, desenvolveram uma revisão para avaliar sistematicamente os efeitos dos probióticos nos parâmetros cardiometabólicos no diabetes tipo 2 com base em estudos randomizados controlados.
Para isso, os autores revisaram os bancos de dados MEDLINE, Embase e CENTRAL. O objetivo foi localizar ensaios clínicos randomizados que examinassem os efeitos da suplementação de probióticos nos parâmetros cardiometabólicos de pacientes com a doença. Ao final, 32 ensaios forneceram resultados adequados para serem incluídos na análise científica.
Os efeitos dos probióticos foram calculados para os parâmetros de Índice de Massa Corporal (IMC), colesterol total, colesterol-HDL e LDL (comumente chamados de colesterol bom e ruim, respectivamente). Além disso, foram incluídos índices de triglicerídeos, proteína-C reativa (PCR), níveis de hemoglobina glicada (HbA1c), glicemia de jejum e níveis de insulina em jejum, assim como valores de pressão arterial sistólica e diastólica.
Afinal, a análise dos dados mostrou um efeito significativo dos probióticos na redução do colesterol total, triglicerídeos, PCR, HbA1c, glicemia plasmática em jejum, níveis de insulina em jejum e pressão arterial sistólica e diastólica. A suplementação com probióticos também aumentou os níveis de HDL, porém, não mostrou efeito significativo nos níveis de IMC ou LDL.
De acordo com os autores da revisão, a suplementação com probióticos pode ser considerada benéfica para pacientes com diabetes mellitus tipo 2. Dessa forma, foram considerados positivos os efeitos dos probióticos nos parâmetros cardiometabólicos. “Nossos dados sugerem claramente que os probióticos poderiam ser uma abordagem terapêutica complementar em pacientes com diabetes mellitus tipo 2”, relatam os autores do artigo ‘Probiotics have beneficial metabolic effects in patients with type 2 diabetes mellitus: a meta-analysis of randomized clinical trials’.
Evidências
Os cientistas relatam que a alteração na microbiota intestinal foi recentemente reconhecida como um fator ambiental chave que resulta em doenças metabólicas, como o diabetes tipo 2. “De fato, a microbiota intestinal está envolvida na manutenção da homeostase energética do hospedeiro, assim como na estimulação da imunidade através de um crosstalk molecular (ativação cruzada)”, afirmam. Dessa forma, evidências clínicas apoiam a hipótese de que a modulação da microbiota intestinal por probióticos poderia ser eficaz na prevenção e no tratamento do diabetes. O artigo foi publicado na Scientific Reports.
Desafio global
O diabetes mellitus tipo 2 é um dos principais desafios de saúde não resolvidos em nível global. Em resumo, a doença é um importante fator de risco para uma série de enfermidades comuns e, por vezes, potencialmente letais, a exemplo de hipertensão, acidente vascular cerebral, doença cardíaca coronária, insuficiência renal e retinopatia.
De acordo com a International Diabetes Federation, 537 milhões de pessoas vivem com a doença no mundo (1 a cada 10 indivíduos). A entidade prevê que, até 2045, 1 em cada 8 adultos (aproximadamente 783 milhões de pessoas) viverá com diabetes – um aumento de 46%.
O desenvolvimento de diabetes tipo 2 é impulsionado por fatores socioeconômicos, demográficos, ambientais e genéticos. A entidade informa, ainda, que os principais contribuintes para o aumento da doença incluem urbanização, envelhecimento da população, diminuição dos níveis de atividade física e aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade.
