Silenciosas, as hepatites são caracterizadas por infecções que afetam o fígado, acometendo seu pleno funcionamento e a saúde do organismo. Embora sejam causadas principalmente por vírus, também podem ter como fator de risco o uso prolongado de determinados medicamentos. Além disso, o alto consumo de álcool e outras drogas, e a presença de doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas podem levar às doenças.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que as hepatites virais acometem 325 milhões de pessoas, sendo responsáveis por 1,4 milhão de óbitos todos os anos. No Brasil, levantamento do Ministério da Saúde indica que, nos últimos 20 anos, foram notificados cerca de 720 mil casos de hepatites virais. A maior incidência é da C (38,9%), seguida da B e da A, com 36,8% e 23,4%, respectivamente. A ausência de sintomas, na maioria dos casos, pode levar ao diagnóstico tardio com evolução significativa da hepatite.
As hepatites virais tendem a se manifestar de diferentes maneiras, sgundo o médico hepatologista Luís Edmundo Pinto da Fonseca, do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. A doença pode ser aguda – como a hepatite A – ou crônica, ocasionada pela evolução das infecções dos vírus das hepatites B ou C, formas que mais preocupam os especialistas. “Apesar de nem sempre apresentar sintomas, quando surgem se manifestam com cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômito, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras”, afirma. Portanto, estar ciente desses sinais é fundamental para a detecção precoce e o tratamento adequado.
A depender da manifestação, as formas de contrair a doença são diferentes. “A hepatite A, por exemplo, ocorre principalmente por via fecal-oral, pelo contato inter-humano ou consumo de água e alimentos contaminados. Assim, é mais prevalente em indivíduos residentes em áreas com baixas condições de saneamento e higiene”, descreve o especialista.
Já as hepatites B e C podem ser transmitidas pelo compartilhamento de agulhas, seringas e outros itens pessoais não esterilizados e contaminados com sangue infectado. Outros meios de transmissão são procedimentos invasivos (hemodiálise, cirurgia ou transfusão) sem os devidos cuidados de biossegurança, e por via sexual, uma vez que é considerada uma infecção sexualmente transmissível. Com menor prevalência, os tipos B e C podem ter, ainda, transmissão vertical, ou seja, da mãe para o filho durante o nascimento.
Prevenção
Dessa forma, é fundamental a conscientização sobre as diferentes formas de transmissão das hepatites virais e da utilização de medidas preventivas. “Adotar práticas de higiene pessoal, lavando as mãos regularmente, especialmente após o uso do banheiro e antes de preparar refeições, e consumir água tratada e alimentos devidamente cozidos são essenciais para se proteger da hepatite A”, orienta o especialista.
Para os tipos B e C somam-se, ainda, práticas sexuais seguras, com o uso de preservativos. Evitar o compartilhamento de objetos pessoais que possam estar contaminados e utilizar equipamentos estéreis em procedimentos médicos, estéticos e tatuagem, completam as orientações. Além disso, o acesso aos serviços de saúde e a vacinação disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para os tipos A, B e combinada AB – altamente recomendada – são determinantes para reduzir a incidência e o impacto das hepatites virais na saúde coletiva.