Considerado padrão ouro na nutrição dos bebês, o leite materno – quando exclusivo e em livre demanda, por no mínimo seis meses de vida – oferece benefícios para que o bebê cresça e se desenvolva de forma saudável. Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o alimento também é responsável por reduzir em até 13% o risco de mortalidade em crianças de até 5 anos de idade. Apesar desses fatores, uma pesquisa recente do Ministério da Saúde revelou que o índice de aleitamento materno no Brasil está longe do ideal, o que reforça a necessidade de derrubar mitos e conscientizar mães, redes de apoio e serviços de saúde sobre a importância da amamentação.
Para muitas mulheres, os fatores sociais, culturais e emocionais podem se tornar grandes obstáculos para a amamentação, dificultando essa prática tão importante. “Ainda que seja fundamental orientar a mulher durante o período pré-natal sobre a importância da amamentação, infelizmente, muitos profissionais de saúde não o fazem. Quando a desinformação é somada ao estado mais vulnerável no pós-parto, as dificuldades dessa nova rotina e os palpites de não especialistas sobre o que é certo ou errado podem comprometer ainda mais o processo da amamentação”, avalia o médico ginecologista e obstetra Carlos Moraes, membro da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e especialista em Perinatologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein. Considerando estes cenários, o especialista derruba mitos e reforça sobre os benefícios associados ao aleitamento materno.
Não se engane!
- O leite artificial não oferece os mesmos benefícios que o leite materno. O leite humano é rico em anticorpos, sendo responsável por aumentar a imunidade da criança e, assim, ajuda a combater alergias e infecções respiratórias. Além disso, diminui riscos de doenças crônicas e contribui para o neurodesenvolvimento do bebê;
- O aleitamento materno na primeira hora de vida é fator protetor contra a mortalidade neonatal. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), quanto mais se atrasa o início da amamentação, maior é o risco de morte do bebê no primeiro mês de vida;
- Não existe regra sobre amamentar a cada três horas. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) a recomendação é que o bebê seja amamentado em livre demanda, sem restrições de horários ou duração da mamada;
- O leite empedrado (ingurgitamento mamário) não impede a amamentação. Apesar de poder gerar complicações, a exemplo da mastite, aos primeiros sintomas orienta-se compressas locais, o uso de bombinha para retirar o excesso de leite acumulado e seguir com a amamentação normalmente;
- As escolhas alimentares da mãe influenciam na qualidade do leite, sendo fundamental a adoção de uma dieta equilibrada e rica em fibras, evitando o consumo de alimentos processados e bebidas alcoólicas;
- O estado emocional da mãe pode interferir na produção do leite. Isso ocorre porque, quando o corpo está sob forte estresse, secreta os hormônios cortisol e adrenalina, que aumentam a atividade cerebral e diminuem ou bloqueiam algumas funções orgânicas, responsáveis por regular as emoções e a produção do leite materno;
- O uso de bicos artificiais atrapalha a continuidade do aleitamento materno, uma vez que a satisfação da sucção da criança é suprida por eles;
- Congelar o próprio leite é um hábito muito comum, principalmente quando a mulher volta a trabalhar. No entanto, o processo requer cuidados com o leite ordenhado como, por exemplo, tempo seguro (até 15 dias) e o uso de frasco de vidro com tampa de plástico Além disso, o leite deve ser descongelado em banho-maria (sem ferver) e não pode ser congelado novamente;
- A amamentação não tem efeitos contraceptivos. Em níveis elevados, a prolactina, hormônio responsável pela regulação da amamentação, pode inibir a ovulação. Entretanto, para que isso aconteça, é necessário que seus níveis estejam muito altos e de forma constante, o que é impossível saber durante a relação sexual. Portanto, amamentar não impede uma nova gravidez.