Todo ser humano, exceto em casos mais raros, sente dor nas mais variadas intensidades, formas e partes do corpo. Apesar da sensação desagradável, a dor é uma ferramenta fisiológica de alerta para ameaças à integridade física, pois auxilia a percepção sobre a saúde física. Essa experiência sensorial, que nem sempre é relacionada a uma lesão, pode ter origem multifatorial e resposta de caráter individual.
Segundo o médico ortopedista e traumatologista Luiz Felipe Carvalho, membro titular da Sociedade Brasileira de Coluna Vertebral (SBCV) e da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), associada a um dano real ou potencial, a dor é sempre subjetiva. “Cada indivíduo aprende a usar a palavra dor por meio de sua própria experiência, ou seja, a dor pode se manifestar de diferentes formas entre pessoas e, inclusive, para um mesmo indivíduo”, ressalta.
A dor não é um simples mecanismo de percepção-reação e envolve diversos fatores desencadeantes. Esses fatores podem ser biológicos e associados ao próprio corpo, como lesões e patologias, entre outros; sociais e relacionados a outras pessoas, culturas e crenças. Também podem ser comportamentais, referente ao estilo e hábitos de vida, entre os quais alimentação, qualidade do sono e atividade física; e psicológicos, principalmente relativos a questões emocionais que podem provocar a intensificação das dores.
O especialista reforça que em cada tipo de dor observar-se quatro propriedades distintas: nocicepção pode detectar estímulos nocivos; a percepção consiste na forma como o organismo sente os estímulos; o sofrimento e o comportamento. “Essas características estão sempre presentes na dor, mas em proporções diferentes, podendo se manifestar como limiar da percepção (menor intensidade de estímulo que permite ao paciente perceber a dor), moderada ou no limiar da tolerância (quando a dor alcança um grau de intensidade muito alto e se torna insuportável”, finaliza.