Em comparação com as crianças nascidas a termo, os bebês prematuros apresentam riscos mais elevados de deficiências no neurodesenvolvimento e comportamentais. Isso pode ocorrer tanto nos primeiros anos de vida quanto ao longo da infância e adolescência. Assim, pesquisadores suecos decidiram avaliar os resultados do desenvolvimento neurológico de longo prazo de crianças nascidas em diferentes idades gestacionais.
Para isso, desenvolveram um estudo com dados de crianças prematuras moderadas (entre 32-33 semanas) e prematuras tardias (34-36 semanas), em relação com as nascidas a termo (39-40 semanas). De acordo com os pesquisadores, as crianças nascidas prematuramente moderadas ou tardias apresentam mais necessidade de cuidados de saúde na medicina neonatal.
“Relatórios recentes indicam que, em comparação com os seus pares nascidos a termo, as crianças nascidas prematuras apresentam maior risco de deficiências no neurodesenvolvimento”, enfatizam. Em resumo, o risco inclui capacidade de cognição agravada, linguagem e função motora prejudicadas, menor competência socioemocional e maior possibilidade de ter pior desempenho escolar.
Riscos elevados
A coorte nacional sueca compreendeu 1.281.690 crianças nascidas vivas entre 32 e 41 semanas e sem malformações congênitas. O resultado mostrou que as nascidas moderadamente prematuras ou prematuras tardias apresentaram riscos mais elevados de desenvolvimento neurológico em longo prazo, como deficiência motora, cognitiva e visual, do que crianças nascidas a termo. Estes riscos foram mais elevados na idade gestacional mais precoce e diminuíram gradualmente à medida que a idade gestacional aumentou.
De acordo com os pesquisadores, um dos pontos fortes do estudo é o desenho populacional e o grande tamanho da amostra. “Utilizamos registros suecos abrangentes com alta validade, tornando possível investigar riscos clinicamente relevantes em todo o espectro da idade gestacional”, descrevem. Assim, o estudo forneceu uma visão geral detalhada dos resultados do desenvolvimento neurológico no longo prazo entre bebês nascidos entre 32 e 41 semanas de gestação de uma coorte nacional.
Os pesquisadores conseguiram ajustar potenciais fatores de confusão que afetam tanto a idade gestacional quanto o neurodesenvolvimento. “Nossos dados foram coletados prospectivamente sobre idade gestacional, covariáveis e resultados desde a primeira consulta pré-natal até a alta hospitalar, bem como atendimento hospitalar e ambulatorial”, explicam. Além das taxas de risco, também foram estimadas as diferenças de risco e as frações atribuíveis à população. O objetivo é fornecer uma imagem abrangente das associações estudadas e do impacto do nascimento prematuro na saúde pública. O estudo Neurological development in children born moderately or late preterm: national cohort study foi publicado no BMJ em 2024.