Cirurgia plástica reparadora

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Cirurgia plástica para pacientes com queimaduras

Escrito por: Fernanda Ortiz

A depender do grau de acometimento, a queimadura na pele representa uma das mais complexas e severas formas de trauma, envolvendo processos fisiopatológicos de todos os sistemas do corpo. Estimativas indicam que, no Brasil, cerca de 1 milhão de pessoas sejam vítimas de queimaduras todos os anos. As possibilidades de tratamento emergem como uma esperança para melhorar a qualidade de vida desses indivíduos. Neste sentido, a cirurgia plástica reparadora assume papel importante para recuperar a aparência estética e a funcionalidade da região afetada, melhorando a autoestima e reduzindo os prejuízos físicos, sociais e psicológicos.

As lesões por queimadura podem ser causadas por calor, produtos químicos, eletricidade ou radiação. A depender do nível de penetração na pele podem ocasionar queimaduras de graus distintos. As de 1º grau causam vermelhidão seguida de inchaço, dores e ardência, mas não formam bolhas e a pele não se desprende. Já as de 2º grau atingem a derme e a epiderme com a formação de bolhas, desprendimento total ou parcial da pele afetada e cicatrizes aparentes. Nas de 3º grau, todas as camadas da pele são destruídas, danificando inclusive as terminações nervosas. Independentemente do grau, todas as queimaduras deixam algumas cicatrizes e, muitas vezes, tratamentos cirúrgicos ou fisioterapêuticos podem ser necessários.

De acordo com o cirurgião plástico Fabio Nahas, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e diretor Científico Internacional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), os métodos de tratamento variam conforme a gravidade e extensão da lesão. “Os procedimentos reparadores mais realizados, especialmente nas queimaduras de 3º grau, incluem enxertos de pele. Mais recentemente, o enxerto de gordura do próprio paciente passou a ser uma opção, pois a capacidade regenerativa das células-tronco ajuda na melhoria da elasticidade da cicatriz”, descreve.

A indicação para a cirurgia plástica reparadora depende da avaliação de um especialista, que deve considerar a gravidade da queimadura, a região afetada e as condições de saúde do paciente. O médico destaca que, em áreas em que a função é imediatamente comprometida, a exemplo das pálpebras, as intervenções assumem um caráter mais urgente. Em outros casos, a orientação é esperar entre três e seis meses após o acidente para que o paciente se recupere e melhore, inclusive, seu estado nutricional, que é fundamental para a recuperação pós-operatória.

Público infantil

Em acidentes envolvendo crianças também é possível realizar a cirurgia plástica reparadora, especialmente nos casos em que funções importantes são comprometidas. O médico observa que procedimentos precoces podem prevenir prejuízos em longo prazo. “Dependendo da gravidade da queimadura a criança pode, por exemplo, apresentar diminuição na mobilização de uma articulação. Nesses casos, a cirurgia contribui para a extensão adequada dessa articulação para evitar problemas futuros”, avalia. Além disso, o procedimento pode minimizar o impacto físico e emocional que uma cicatriz na pele pode trazer em suas vidas.

“Seja para pacientes na fase adulta ou na infância, atualmente existe um arsenal técnico capaz de conferir uma melhora significativa na qualidade de vida das pessoas afetadas por esse tipo de lesão, ajudando a alterar forma, função e estética”, conclui o especialista. Dessa forma, a cirurgia plástica reparadora se destaca como uma grande aliada na recuperação desses pacientes. Quando sua finalidade não se limita à parte estética, é possível que o Sistema Único de Saúde (SUS) cubra o procedimento. Para isso, é necessária uma indicação médica formal, comprovando que a pessoa necessita da cirurgia por estar com sua saúde física ou psicológica muito comprometida.

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