A risada é considerada uma parte importante da comunicação não verbal humana, pois expressa de forma espontânea sentimentos e sensações. Entretanto, diferentes pesquisas têm mostrado que o riso descontraído vai além de uma forma de comunicar, uma vez que está associado a sentimentos de bem-estar e afetividade intensificada. Uma pesquisa desenvolvida na Universidade de Oxford, no Reino Unido, destaca os benefícios fisiológicos da risada e a capacidade de elevar os limiares de dor, insinuando a presença de liberação de endorfinas.
Além disso, o resultado do estudo ‘Social laughter is correlated with an elevated pain threshold’ fornece uma nova perspectiva do papel da risada, agora como mecanismo de defesa que evoluiu para ajudar a resistir e prosperar em meio à adversidade. Assim, a risada deixa de ser apenas o eco de alegria e passa a funcionar como um escudo de fortaleza para os problemas da vida.
“Testamos essa hipótese em uma série de seis estudos experimentais em contextos laboratoriais (assistir a vídeos) e naturalistas (assistir a apresentações no palco), usando a mudança no limiar da dor como um ensaio para a liberação de endorfina”, explicam os autores. Assim, os resultados mostram que os limiares de dor são significativamente maiores após o riso em relação à condição controle.
De acordo com os autores, o efeito de tolerância à dor é devido ao próprio riso e não simplesmente a uma mudança no afeto positivo. “Sugerimos que o riso, através de um efeito opiáceo mediado pela endorfina, pode desempenhar um papel crucial na ligação social”, acentuam.
Efeito Patch Adams
A técnica de fazer rir para melhorar a dor chegou aos hospitais dos Estados Unidos na década de 1970 e foi desenvolvida pelo médico Hunter Doherty ‘Patch’ Adams. Quando estudava Medicina na Virginia Medical University, o jovem Hunter Doherty realizava apresentações como palhaço no tempo livre. Depois de formado, o sonho de espalhar a felicidade fez com que buscasse soluções para integrar o hospital e a comunidade. Assim, o médico comprovou que a interação com o lúdico tornava mais leve o processo de hospitalização e a integração com as equipes hospitalares.
O resultado foi a criação do Instituto Gesundheit, entidade sem fins lucrativos que promove a atenção médica holística até hoje. Desde então, Patch Adams se tornou uma referência mundial no atendimento humanizado. Seus livros Gesundheit e House Calls foram traduzidos para 14 idiomas.Como palestrante internacional, o médico visitou mais de 70 países e, até hoje, inspira profissionais de saúde a incluírem a diversão no tratamento de doenças. A terapia do riso também é adotada em alguns hospitais brasileiros com o propósito da promoção do bem-estar físico e emocional dos pacientes e familiares, fazendo dos benefícios fisiológicos da risada uma parte do tratamento.
