A enxaqueca é uma doença neurovascular causada por um desequilíbrio químico no sistema nervoso central, que causa uma dor acentuada e latejante na cabeça. Também chamada de migrânea, a enxaqueca tem frequência variável e as crises podem durar até 72 horas e vir acompanhadas de tontura, náuseas, desequilíbrio, vômito e desconforto com luzes e sons intensos. Entre os fatores que podem desencadear esse quadro estão estresse, ausência de sono de qualidade, uso indiscriminado de medicamentos, hábito de fumar, alterações hormonais, baixa ingestão de água, jejum intermitente e o consumo de determinados alimentos e bebidas.
De acordo com a nutricionista Nadya Caroline Mambelli Magri, coordenadora do curso de Nutrição da Faculdade Anhanguera Taboão da Serra, em São Paulo, a enxaqueca se apresenta com ou sem aura. “A enxaqueca sem aura, responsável por 75% dos casos, é a dor unilateral com intensidade moderada ou grave, que pode aumentar com atividade física de rotina”, explica. Neste caso, o indivíduo sente náuseas, fotofobia (intolerância à luz), desconforto a sons e odores fortes, além de ter transtornos gástricos. Já o incômodo com aura está relacionado a sintomas neurológicos focais transitórios, que antecipam ou acompanham a condição. A aura é um aviso fisiológico que acomete a visão ou outros sentidos. Já os sintomas neurológicos da doença surgem unicamente em um lado do corpo ou do campo visual.
Fatores de risco
Inúmeros fatores podem desencadear quadros de enxaqueca, entre eles a alimentação. A nutricionista esclarece que cada organismo tem sensibilidade diferente ao consumo de determinados alimentos. O café, por exemplo, se for consumido de forma moderada é saudável. No entanto, em uma crise de enxaqueca pode piorar a dor acentuada e latejante na cabeça em organismos mais sensíveis. “Por outro lado, quem ingere a bebida com frequência e interrompe bruscamente o consumo também pode ativar uma crise”, alerta. Resumidamente, isso acontece porque a cafeína – encontrada também no chá-mate, nos chocolates e refrigerantes à base de cola e guaraná – altera a circulação sanguínea. O segredo, portanto, é evitar o excesso.
Além da cafeína, outros alimentos podem provocar alterações na dilatação e constrição de vasos sanguíneos, atuando como gatilhos da crise. Entre os exemplos estão as bebidas alcoólicas, especialmente vinho tinto, aguardente e cerveja; os realçadores de sabor (glutamato monossódico) presentes em molhos prontos e salgadinhos; embutidos como salame, mortadela e salsicha. Os ultraprocessados que possuem excesso de conservantes, corantes e aditivos artificiais; e os adoçantes artificiais, como aspartame e sucralose, também fazem parte da lista. Queijos maturados, derivados do leite, chocolate, carne de porco e frutas cítricas – que contêm aminas vasoativas, a exemplo da octopamina, fenilalanima e tiramina, também devem ser evitados ou consumidos em porções menores.
Ademais, condições como intolerância ao glúten e à lactose também tendem a desencadear crises de dor acentuada e latejante na cabeça. A nutricionista afirma, entretanto, que não significa que o indivíduo com enxaqueca deva ser privado do consumo de alimentos desencadeantes, pois sua ausência pode levar a deficiências nutricionais. “O correto é realizar diagnóstico e tratamento adequados que possibilitem a inclusão de uma dieta balanceada, inclusive com a presença em menores frações desses alimentos, para atuar preventivamente contra os episódios de dor”, avalia.
Muita atenção com os gatilhos
- Bebidas alcoólicas, especialmente vinho tinto, aguardente e cerveja
- Molhos prontos e salgadinhos
- Embutidos
- Ultraprocessados
- Adoçantes artificiais
- Queijos maturados
- Derivados do leite
- Chocolate
- Carne de porco
- Frutas cítricas
Equilíbrio na dieta
Manter uma dieta equilibrada que inclua alimentos mais saudáveis e boa ingestão de água, em detrimento dos produtos industrializados, é uma estratégia fundamental para a prevenção da enxaqueca e, consequentemente, para o estabelecimento da saúde geral do organismo. Confira abaixo os alimentos que atuam no controle da doença.
- Alimentos ricos em ômega 3, como semente de linhaça, atum, sardinha ou salmão
- Fontes de triptofano que auxiliam a liberação de serotonina, a exemplo da banana, erva-cidreira, maracujá, arroz, feijão e granola
- Alimentos ricos em selênio que atuam na diminuição do estresse, como as castanhas, amêndoas e amendoim
- Alimentos que contêm vitaminas do complexo B, como feijão, lentilha e grão de bico