Embora faça parte do estilo de vida moderno, permanecer sentado por longos períodos pode trazer riscos à saúde, até mesmo para aqueles que praticam atividade física regularmente. O risco de mortalidade para indivíduos que só trabalham sentados é considerado maior tanto para doenças cardiovasculares quanto para todas as demais causas, em comparação àqueles que predominantemente não se sentam. A informação é resultado de um estudo desenvolvido em Taiwan com mais de 481 mil pessoas durante um período médio de acompanhamento de 12 anos.
Intitulado ‘Occupational sitting time, leisure physical activity, and all-cause and cardiovascular disease mortality’, o estudo afirma que pouco se sabe sobre a associação específica entre a permanência prolongada na posição sentada no trabalho e a saúde, especialmente no contexto de baixa prática de atividade física. Por isso, a pesquisa tinha como objetivo quantificar os riscos à saúde e a necessidade de permanecer muito tempo sentado, além de determinar se existe um certo limite de atividade física que possa atenuá-lo.
A análise usou dados de um programa de vigilância de saúde de Taiwan com pacientes acompanhados entre 1996 e 2017, que incluem hábitos ocupacionais, atividade física de lazer, estilo de vida e parâmetros metabólicos coletados em dezembro de 2020. “Após ajuste em relação ao sexo, idade, escolaridade, tabagismo, consumo de álcool e índice de massa corporal, os indivíduos que trabalhavam principalmente sentados tiveram um risco 16% maior de mortalidade por todas as causas e um risco de mortalidade 34% maior por doença cardiovascular, em comparação com aqueles que não permaneciam o tempo todo sentados no trabalho”, relatam os autores. Indivíduos que alternavam entre sentados e não sentados não apresentaram risco aumentado de mortalidade na pesquisa.
Prevenção
O estudo também avaliou se as pessoas que trabalhavam principalmente sentadas e praticavam pouca atividade física (entre 15 e 29 minutos por dia) ou nenhuma (menos de 15 minutos por dia) poderiam melhorar se aumentassem a prática. “Indivíduos que se sentam predominantemente no trabalho precisariam se envolver em 15 a 30 minutos adicionais de atividade física por dia para mitigar esse risco aumentado e atingir o mesmo nível de risco que os indivíduos que predominantemente não se sentam no trabalho”, resumem os autores.
De acordo com os cientistas, é preciso enfatizar os danos associados a esse hábito de permanecer sentado por longos períodos. “Além disso, sugerir mudanças no sistema de trabalho pode ajudar a sociedade a ‘desnormalizar’ esse comportamento comum”, acreditam. As diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2020 sobre atividade física recomendam a redução de comportamentos sedentários devido às suas consequências para a saúde. O estudo foi publicado em janeiro de 2024 no periódico JAMA – doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.50680.
