Um estudo de centro único, fase 2, duplo-cego, randomizado e controlado por placebo realizado na Tailândia mostrou a eficácia da cepa probiótica Bacillus subtilis para a descolonização por Staphylococcus aureus – uma bactéria que causa muitos tipos de infecções, desde furúnculos, infecções no coração e abscessos até septicemias, dependendo do lugar onde se encontra.
Os 115 participantes eram adultos com idade média de 18 anos, sem histórico de doença intestinal, tratamento com antibióticos ou internação hospitalar nos últimos 90 dias, que foram colonizados por S. aureus no intestino, nariz ou ambos. Os voluntários foram aleatoriamente designados para grupos de tratamento (55) e placebo (60). Os participantes receberam 250mg do probiótico B. subtilis MB40 ou placebo uma vez por dia, durante 30 dias, e a colonização por S. aureus foi determinada após o recebimento da última dose.
Segundo os cientistas, embora as abordagens tópicas anteriormente empregadas afetem apenas uma pequena porção do total de colônias de S. aureus em humanos, este método alcança o que era anteriormente impossível: uma redução de uma grande porção (>95%) do número total de colônias dessas bactérias, sem efeitos colaterais adversos. “Neste estudo, mostramos que o probiótico Bacillus subtilis administrado por via oral diminui fortemente a colonização por S. aureus do intestino humano sem um efeito substancial no microbioma, e até afetou o número de S. aureus no nariz como local de colonização distal ao local de intervenção”, afirmam.
Os autores informam no artigo que, na maioria dos estudos, entre um ¼ a 1/3 da população estudada é considerada portadora assintomática permanente de S. aureus, e as infecções geralmente se originam de colonização assintomática. “O Staphylococcus aureus é um patógeno humano que pode causar diversas infecções graves e, muitas vezes, fatais, cujo tratamento é complicado pela resistência generalizada aos antibióticos.
Nos Estados Unidos, a bactéria mata mais pessoas do que qualquer outro agente patogênico resistente a antibióticos, com um número anual de 20 mil mortes causadas apenas por infecções da corrente sanguínea”, descrevem. Segundo dados do artigo científico, a maioria das estratégias tem como alvo as narinas, consideradas o mais importante sítio de colonização de S. aureus. No entanto, é cada vez mais demonstrado que a bactéria também coloniza o intestino.
“Raramente foram administrados antibióticos orais para alcançar uma descolonização sistêmica abrangente, incluindo a do intestino, mas, dado o que sabemos sobre o papel do microbioma intestinal natural na prevenção do crescimento excessivo de agentes patogênicos, essa utilização de antibióticos dificilmente é considerada uma estratégia apropriada e não é recomendada pela Infectious Diseases Society of America”, acentuam os autores. O estudo ‘Probiotic for pathogen-specific Staphylococcus aureus decolonisation in Thailand: a phase 2, double-blind, randomised, placebo-controlled trial’ foi publicado na revista científica The Lancet em 2023.