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Entrevistas
A saúde do homem precisa ser mais bem tratada
Valter Cassão
Estimativas sugerem que os homens, em geral, apresentam uma maior resistência em buscar os serviços de saúde com regularidade. Por causa disso, quando procuram assistência uma boa parte já apresenta um quadro agravado de doenças. Este talvez seja um dos motivos para que os homens vivam, em média, sete anos a menos do que as mulheres. Além disso, um levantamento do Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo mostra que 70% das pessoas do sexo masculino que procuram um consultório médico tiveram a influência da mulher ou de filhos. O médico Valter Cassão, coordenador de Urologia do Hospital de Transplantes Dr. Euryclides de Jesus Zerbini – onde está instalado o Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo – vai nos contar o que acontece para que os homens tenham tanta resistência a procurar o médico, especialmente para fazer exames preventivos.
Doenças raras precisam de atenção
Magda Carneiro Sampaio
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera raras as doenças que afetam até 1,3 em cada 2 mil nascidos vivos, e as estimativas indicam que essas enfermidades atinjam 5% a 6% das pessoas no mundo. Na América Latina, um estudo recente sugere que entre 40 e 50 milhões de indivíduos vivam com uma das cerca de 7 mil doenças raras já catalogadas. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, são aproximadamente 13 milhões de pessoas – ou 6% da população. Como a maioria dessas doenças é de origem genética e aparece na infância, é fundamental que pediatras conheçam esse universo de enfermidades para, ao menos, encaminhar precocemente os pacientes para centros de referência. E um desses centros é o Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICr-HC-FMUSP). A médica pediatra Magda Carneiro Sampaio, presidente dos conselhos diretores do Instituto e do Centro Integrado de Doenças Genéticas (CIGEN), detalha algumas dessas doenças e ressalta que o conhecimento é fundamental para tratar e acompanhar essas crianças ao longo da vida.
Os riscos do transtorno de somatização
Danielle Admoni
Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) realizado em 15 países, incluindo o Brasil, apontou que aproximadamente 50% das pessoas que procuram atendimento médico e são submetidas a exames clínicos e de imagem não apresentam uma doença física constatável, reconhecível e catalogável pela Classificação Internacional de Doenças (CID). Esse fenômeno, chamado de transtorno de somatização ou doença psicossomática, é muito comum e chega a atingir até 60% da população brasileira em algum momento da vida, um índice considerado alarmante. Esses sintomas sem explicação clínica estão associados a sofrimento mental em vários contextos, prejudicando a qualidade de vida e as relações sociais e profissionais. A psiquiatra Danielle Admoni, supervisora de residência da Universidade Federal de São Paulo-Escola Paulista de Medicina (Unifesp/EPM), vai nos contar como identificar o risco de estar caminhando para uma doença psicossomática e o que fazer para evitar que isso atrapalhe a saúde de forma geral.
Simpósio internacional abordará probióticos em São Paulo
Svetoslav Dimitrov Todorov
Há quase um século, na França, pioneiros em microbiologia aplicada postularam o potencial de melhoria da saúde das bactérias láticas encontradas no iogurte. No Japão, o médico sanitarista e pesquisador Minoru Shirota defendeu o uso de uma cepa probiótica capaz de sobreviver ao trato digestivo, oferecendo benefícios tangíveis para a saúde. Essas contribuições lançaram as bases para o desenvolvimento da indústria contemporânea de probióticos. Hoje, o conceito de probiótico já é reconhecido pela comunidade científica. O professor doutor Svetoslav Dimitrov Todorov, docente e pesquisador do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, vai nos contar um pouco sobre essa empolgante área. Além disso, como presidente do Comitê Científico do Yakult International Symposia on Beneficial Microbes – Fundamental Science and Innovative Applications, vai apresentar alguns detalhes do que será apresentado no evento programado para março, em São Paulo.
A voz do paciente em terminalidade
Fabiana Remédio
Morte e finitude da vida são assuntos que ainda geram desconforto na maioria das pessoas, apesar de ser uma condição a que todos estão sujeitos em algum momento desta jornada. No entanto, a enfermeira e pesquisadora Fabiana Remédio acredita que algumas angústias de quem passa pelos momentos finais da vida poderiam ser minimizadas se essas pessoas tivessem registrado as suas vontades em um testamento vital. Este documento, que pode ser registrado em cartório ou no próprio prontuário médico, tem a função de indicar a vontade do paciente de aceitar ou recusar procedimentos, cuidados e tratamentos de saúde caso esteja com uma doença terminal ou com uma enfermidade neurodegenerativa que, em algum momento, não permita que tenha condições de tomar as próprias decisões. A enfermeira, que é autora de uma pesquisa sobre o tema desenvolvida na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EE-USP), em 2023, afirma que o testamento vital representa a autonomia e o direito do paciente a um tratamento digno em seus últimos dias de vida. Além disso, ressalta a importância de as famílias conversarem sobre a finitude que, afinal, é inerente a todos os seres vivos.
Os desafios para diagnosticar e tratar o câncer infantojuvenil
Monica Cypriano
O câncer infantil é a primeira causa de morte por doença em crianças e a segunda causa de óbito em geral, perdendo apenas para os acidentes. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) estimam que, no triênio 2023/2025, ocorrerão 7.930 novos casos de câncer por ano, em crianças e jovens de 0 a 19 anos. Apesar do alto número, a detecção precoce e o tratamento em centros especializados podem garantir a cura desses pacientes. Nos países de alta renda, entre 80% e 85% das crianças acometidas por câncer podem ser curadas atualmente. No Brasil, entretanto, o percentual é mais baixo e variável entre as regiões, mas apresenta média de cura de 65%. O principal motivo é que muitas crianças já chegam aos centros de tratamento com sinais muito avançados. A pediatra oncológica Monica Cypriano, diretora médica assistencial do Hospital do GRAACC, em São Paulo, conta quais são as características e os desafios de tratar o câncer infantojuvenil.
Os estudos com células-tronco no Brasil
Mayana Zatz
As células-tronco são objeto de intensas pesquisas desde o fim do século 19. Embora houvesse uma expectativa de que poderiam se transformar em qualquer tecido humano, hoje as células-tronco adultas não têm mostrado resultados na grande maioria dos casos na regeneração de tecidos. A professora doutora titular de Genética do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, Mayana Zatz, que coordena o Centro de Pesquisas do Genoma Humano e Células-tronco e o Instituto Nacional de Células-tronco em Doenças Genéticas da USP, vai nos contar como estão os estudos atualmente e quais são os grandes desafios dos cientistas que se dedicam a essas pesquisas.
Polpa do dente de leite para investigar o TEA
Patrícia Beltrão Braga
O projeto A Fada do Dente surgiu em 2008, idealizado por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), com o objetivo de estudar os mecanismos biológicos envolvidos no transtorno do espectro do autismo (TEA). Desde 2009, dentes de leite doados por famílias de crianças autistas e não autistas estão ajudando os pesquisadores a conhecer melhor os mecanismos biológicos envolvidos no TEA. A iniciativa já recebeu cerca de 500 doações de dentes de leite, que foram essenciais para a descoberta de que uma inflamação em células nervosas pode ser uma das causas do TEA. Além disso, os pesquisadores descobriram que gestantes que contraíram zika têm o dobro de chance de ter um filho com TEA. A neurocientista Patrícia Beltrão Braga, coordenadora do projeto e docente do ICB-USP, conta quais são os próximos passos do grupo.
Os cuidados necessários com a polifarmácia
Alessandra Tieppo
O uso concomitante de quatro ou mais medicamentos é conhecido como polifarmácia, conforme definição da Organização Mundial da Saúde (OMS). Devido ao potencial de causar danos ao paciente, a polifarmácia está entre as áreas prioritárias de ação do 3º Desafio Global de Segurança do Paciente da OMS, que tem como foco o uso seguro de medicamentos. O objetivo é desenvolver ações para garantir a prescrição adequada dos medicamentos, de modo que os benefícios do tratamento sempre superem os riscos. A médica geriatra Alessandra Tieppo, secretária executiva da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) explica como administrar o uso de medicamentos sem prejuízo da saúde, especialmente dos idosos.
Você dorme bem?
Luciano Drager
De acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 72% dos brasileiros sofrem de doenças relacionadas ao sono, entre elas a insônia. Em 2023, a Associação Brasileira do Sono (ABS) e a Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS) lançaram o Consenso de Diagnóstico e Tratamento da Insônia em Adultos. O documento tem como objetivo fornecer recomendações para profissionais envolvidos no tratamento da insônia com um melhor suporte científico. No entanto, a insônia é apenas um dos distúrbios do sono. O médico cardiologista Luciano Drager, presidente da Associação Brasileira do Sono, vai nos contar o que está dificultando o dormir saudável na população mundial.
Muito cuidado com o coração feminino
Carla Janice Baister Lantieri
Em 2022, a Sociedade Brasileira de Cardiologia publicou o Posicionamento sobre Saúde Cardiovascular nas Mulheres no Brasil. O documento confirmou um aumento dos casos de doenças cardiovasculares na população feminina, o que acendeu um alerta para a prevenção de forma integrada. A cardiologista Carla Janice Baister Lantieri, médica assistente da Disciplina de Cardiologia do Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) – que contribuiu para a construção do documento – detalha nesta entrevista o que está acontecendo com o coração das brasileiras.
Projeto Germina avalia sistema nervoso de bebês
Carla Taddei
Como a microbiota é formada até os três primeiros anos, alguns pesquisadores querem entender se essa modulação poderia interferir com enfermidades na infância e ao longo da vida. Um desses estudos é o Projeto Germina, que acompanhará o desenvolvimento de 500 bebês durante os 1.000 primeiros dias de vida. A professora doutora Carla Taddei, uma das coordenadoras do projeto na USP, dá mais detalhes desta iniciativa.
A longevidade depende da felicidade
Emílio Moriguchi
O professor doutor Emílio Moriguchi, idealizador da Unidade de Geriatria do Serviço de Medicina Interna do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e coordenador geral do Projeto Veranópolis Estudos em Envelhecimento, Longevidade e Qualidade de Vida, afirma que um dos segredos da longevidade é ter bons relacionamentos e ser feliz
Entre as mais abrangentes especialidades médicas
Sérgio Pessoa
Nesta entrevista exclusiva, o médico Sérgio Pessoa, presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), conta sobre as demandas da área e explica que a atuação do gastroenterologista demanda muita sensibilidade, habilidades manuais e algum refinamento para que os pacientes sejam adequadamente tratados.
Palavra do presidente
Atsushi Nemoto
O presidente da Yakult do Brasil, Atsushi Nemoto, conta um pouco da história da Yakult e do seu tradicional leite fermentado, e também comenta sobre as perspectivas da filial brasileira para os próximos anos e sobre o novo site exclusivo da revista Super Saudável.